Uma das propostas mais inteligentes para uma economia sustentável é o conceito de economia circular.

Esta semana conversei com uma de nossas entrevistadas mais ilustres. Direto das florestas peruanas, a indígena que se tornou vice-ministra do Meio Ambiente daquele país, a empreendedora social e engenheira industrial Albina Ruiz.

Albina integra a coalisão da economia circular, que tem a ONU com uma das articuladoras. Tem 35 anos de experiência em projetos de desenvolvimento local, com ênfase em gestão ambiental, economia circular, empreendimentos sociais, organização do setor informal até a sua formalização, gestão integral de resíduos sólidos, uso racional de água, planejamento ambiental.

Logo de cara, Albina manda a real: nós não criamos a economia circular, mas voltamos a ela. A economia circular sempre existiu, pois é a economia da natureza. Albina conheceu o lixo somente quando se mudou para a capital Lima, aos 16 anos, quando começou seus estudos em engenharia. Este impacto foi increíble, como ela mesmo costuma dizer, pois na floresta, já praticavam a economia circular, imitando a própria Natureza. Depois disso, teve certeza de que teria que trabalhar para mudar a situação dos resíduos e de quem lida com la basura(o lixo) no seu país.

A saída para acelerar os resultados do seu trabalho foi envolver várias áreas profissionais em um sistema que mobilize a população a reduzir o lixo produzido, descarta-lo de maneira correta e recicla-lo, colocando a economia circular para funcionar.

Instituições foram se unindo para mudar a realidade. “O lixo não pode continuar sendo jogado onde mora gente pobre, não é possível que pessoas tenham que procurar sua comida no lixo e por que temos que aceitar como normal que o Estado seja ineficiente?”, questiona Albina, ao lembrar que, quando se descobriu uma empreendedora social, conheceu outros iguais a ela, pessoas de todos cantos do mundo inconformadas e que querem fazer parte da solução.

Com o tempo, constatou que podem se dedicar às mudanças, como diz Albina, mas não conseguem mudar o mundo sozinhos. Para ela, é fundamental unir-se com os gestores públicos, empreendedores e demais setores da sociedade. “Não pode existir uma empresa exitosa em uma sociedade fracassada”, resume.

Foi com esse posicionamento que Albina partiu para o setor público. Para ela, é incrível quando se pode “pisar no acelerador e fazer as mudanças”, ao citar a lei do plástico e a certificação de competências de catadores de material reciclável. A recomendação é entrar no serviço público com claridade de ideias, honestidade e ética.

Foi nesse período que o Peru aprovou a Lei Geral de Resíduos Sólidos, que já englobava preceitos da economia circular, juntamente com a valorização dos resíduos e a responsabilidade compartilhada entre a cadeia produtiva. Desde então, várias outras políticas públicas entraram em vigor e alavancaram uma economia mais sustentável.

Albina termina com um apanhado histórico de que a revolução industrial foi algo bom, mas que não se pensou no que fazer com os subprodutos ou materiais nas etapas seguintes à manufatura. “Temos a obrigação de terminar todo o ciclo”, enfatiza. Eu concordo plenamente com essa ideia, e você?

Podcast:

Programa completo

Temas abordados

– Albina Ruíz, uma história sobre despertar para o mundo. https://youtu.be/99HlJ2-PFOw

– Organizações se unem ao redor do mundo por uma economia sustentável. https://youtu.be/ferp31XWbN8

– Atuar dentro do poder público é pisar no acelerador das mudanças. https://youtu.be/JlM8kvkBuSg

– As ações que o governo do Peru tomou para alavancar a economia circular no país. https://youtu.be/1jlQXkvLnZQ

– Vídeo: “O que é a economia circular e por que ela é tão importante?” https://youtu.be/l5blGoHMnxY