Esforço, dedicação e harmonia foram as três palavras usadas pelo técnico José Roberto Guimarães para definir a seleção brasileira feminina de vôlei. Neste DOMINGO (14.11), o Brasil perdeu para a Rússia na final do Campeonato Mundial e conquistou a segunda medalha de prata consecutiva no torneio: 3 sets a 2 (25/21, 17/25, 25/20, 14/25 e 11/15), em 1h58, no Yoyogi National Stadium, em Tóquio. Após a vitória, as lágrimas e a tristeza pela perda do título não apagaram a boa campanha do time verde e amarelo na principal competição do ano.

 

“Fico triste por ter perdido o jogo, mas feliz por ver a luta de todas até o fim. A equipe está de parabéns pela campanha que fez. Foram dez vitórias ao longo de um campeonato muito difícil. Valeu pelo esforço, dedicação e harmonia do grupo. Estou orgulhoso das jogadoras e de todo o trabalho que desenvolvemos ao longo do ano. Chegamos à final do Mundial e perdemos no tie-break. A Rússia está de parabéns. Fez um campeonato brilhante e hoje é a melhor equipe do mundo”, comentou Zé Roberto.

Brasil e Rússia reeditaram a decisão do Mundial de 2006. E a história se repetiu. Como aconteceu há quatro anos, as russas conquistaram o título no quinto set. Para a líbero Fabi, presente nas duas edições do campeonato, a medalha de prata merece ser valorizada.

“No quarto set, elas jogaram a vida e conseguiram abrir vantagem. No tie-break, voltamos para o jogo, mas não deu. Fizemos o nosso máximo e temos que ter orgulho de ter disputado mais uma final de Mundial. Saímos de cabeça erguida. Agora vamos voltar para o Brasil e continuar trabalhando“, disse Fabi, que não conteve o choro após a partida.

O destaque da decisão foi a oposto russa Gamova. A atacante marcou impressionantes 35 pontos (29 de ataque, quatro de bloqueio e dois de saque) e foi eleita a MVP (jogadora mais valiosa) do Mundial. No Brasil, quem mais marcou foi Sheilla, com 26 acertos – 23 de ataque, dois de saque e um de bloqueio.

“Fico triste porque treinamos demais durante o ano todo, superamos as perdas da Mari e da Paula e merecíamos ganhar. Queria que as coisas fossem diferentes. Paramos de jogar no quarto set. Tentamos voltar no quinto, mas não mantivemos o ritmo no final. A Gamova jogou demais hoje e fez a diferença”, afirmou Sheilla.

A gigante de 2,02m marcou oito de seus 35 pontos no tie-break e foi decisiva para o título russo. “A Gamova fez uma partida memorável, que com certeza vai ficar na história da carreira dela. Defendemos algumas bolas, mas ela teve um aproveitamento de 80%. Ela está em uma forma esplendorosa. Não conseguimos pará-la”, analisou o técnico Zé Roberto.

Esta é a terceira vez que a seleção brasileira conquista a medalha de prata do Mundial. A primeira vez foi em São Paulo, em 1994; a segunda, em 2006, no Japão. A Rússia conquistou o sétimo ouro na competição, o segundo consecutivo (os cinco primeiros foram conquistados quando ainda era União Soviética).

Treinador brasileiro lamenta erro de arbitragem

Na metade do quinto set, Sheilla atacou uma bola no fundo da quadra russa. O árbitro assistente assinalou bola dentro, mas o juiz sul-coreano Kim Kun-Tae inverteu a marcação e deu ponto para a Rússia. Seria o oitavo ponto do Brasil no tie-break, que deixaria a equipe com dois de vantagem (8/6). No entanto, a avaliação equivocada de Kun-Tae permitiu o empate russo (7/7).

“Este árbitro tem um histórico contra o Brasil. Já havia alertado para não colocá-lo nesse jogo. Foi uma escolha infeliz. Não se pode errar num tie-break de uma final de campeonato. Um ponto custa muito. Mas não adianta reclamar agora. A Rússia está de parabéns e soube aproveitar melhor os contra-ataques no final do jogo”, disse Zé Roberto.

A capitã Fabiana também elogiou a equipe russa e criticou a atuação do árbitro sul-coreano. “Elas jogaram muito bem e a Gamova fez a diferença. Infelizmente, o juiz errou num momento que não podia errar. A bola da Sheilla foi dentro. Mas isso é do jogo. O Brasil está de parabéns. Lutamos até o fim”, comentou a meio de rede.

Terminado o Mundial, a seleção sairá de Tóquio na manhã desta SEGUNDA-FEIRA (horário local). Depois de uma parada em Frankfurt, na Alemanha, as medalhistas de prata seguirão para Guarulhos. A chegada da equipe no Aeroporto Internacional está prevista para as 7h30 de TERÇA-FEIRA (16.11). O próximo Campeonato Mundial, em 2014, será disputado na Itália.

O jogo

A seleção brasileira começou o primeiro set de forma arrasadora. Em quatro ataques de Natália, um de Sheilla e um ace de Thaísa, o Brasil abriu 6/1, placar que fez o técnico russo Vladimir Kuzyutkin parar o jogo. A conversa com a equipe não surtiu efeito imediato. Eficiente no ataque e no saque, o time verde e amarelo abriu 11/4. A partir de então, a Rússia começou a melhorar ofensivamente e cresceu no jogo. A equipe encostou em largadinha de Perepelkina: 13/14. Mas o Brasil não demorou para retomar o controle da partida e abriu 20/15 em bloqueio da levantadora Fabíola.

Depois de fazer 21/16, a seleção brasileira teve de assistir à reação russa. Em boa sequência de saques de Startseva e contando com dois erros do ataque brasileiro, a Rússia chegou ao empate: 21/21. Depois disso, só deu Brasil. Quatro pontos consecutivos e vitória em ataque de Sheilla: 25/21.

A Rússia voltou melhor para o segundo set e abriu 4/1. Superior no bloqueio e contando com a eficiência da gigante Gamova no ataque, a equipe russa abriu 10/6. Quando o placar apontava 13/8 para as adversárias, o Brasil ensaiou uma reação. Em dois pontos de ataque e um de bloqueio, as brasileiras encostaram: 11/13. Mas a Rússia voltou a ampliar. Melhor no saque e no bloqueio, o time abriu 19/11. O Brasil ainda buscou o jogo e diminuiu (16/20), mas o segundo set foi das russas, que fecharam a parcial em ataque de Sokolova: 25/17.

No terceiro set, a seleção brasileira recuperou a eficiência no ataque e o bloqueio começou a funcionar. Depois de chegar ao primeiro tempo técnico com 8/6 no placar, o Brasil abriu 11/6 em ataque de Jaqueline. O time verde e amarelo seguiu superior na partida e fez 20/14 em ponto de bloqueio. Em boa participação de Gamova, a Rússia ainda ameaçou voltar para o jogo (20/18). Mas a reação parou por aí. As brasileiras definiram a parcial em belo ataque de Fabiana na paralela: 25/20.

O quarto set começou com domínio da equipe russa, que chegou à primeira parada técnica em vantagem: 8/4 em bola fora do ataque brasileiro. Melhor no bloqueio e aproveitando-se dos erros cometidos pelo Brasil, a Rússia ampliou: 14/6. A seleção brasileira sofreu um apagão na parcial e não conseguia voltar para o jogo: 9/20. Perdido em quadra, o time verde e amarelo não conseguia encaixar os fundamentos: 11/24. Depois de desperdiçar três set points, a seleção russa fechou a parcial: 25/14 em ataque de Gamova.

No tie-break, as duas equipes foram para o tudo ou nada. A parcial permaneceu equilibrada até o nono ponto, quando a Rússia começou a abrir vantagem. Comandado pela gigante Gamova, que marcou oito pontos no set decisivo, o time russo venceu a partida e garantiu o título: 15/11 em ataque da MVP do Mundial.

EQUIPES

BRASIL – Fabíola, Sheilla, Jaqueline, Natália, Thaísa e Fabiana. Líbero – Fabi

Entraram: Sassá, Dani Lins, Joycinha e Fernanda Garay

Técnico – José Roberto Guimarães

RÚSSIA – Borodakova, Kosheleva, Gamova, Sokolova, Perepelkina e Startseva. Líbero – Kryuchkova

Entraram: Makhno e Goncharova

Técnico – Vladimir Kuzyutkin

Fonte: Site oficial da Confederação Brasileira de Vôlei