Dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o Brasil perdeu 55% da região de agreste em 2023. Como é a única área verde do Nordeste do país, essa perda de vegetação está tornando a área numa região de sertão. 

O agreste é uma sub-região dentro do Nordeste que está localizada entre o sertão e a zona da mata. Não é seca como a área do sertão e nem úmida como a área da zona da mata, é portanto considerada uma zona de transição. Então, a principal característica do agreste é sua vegetação com características tanto da Caatinga como da Mata Atlântica.

Segundo informações da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), 31 milhões de pessoas vivem na região do agreste nordestino. A área se estende por 11 estados e possui 215 municípios. Mas os dados do Inpe e do Cemaden indicam que 725 mil km2 do agreste (55%) estão mudando de característica e virando sertão. 

Efeitos e soluções

A região passa por secas-relâmpago de uma semana ou um mês. Mas além disso passa pelos efeitos do desmatamento e do aquecimento global. Assim, o resultado é a perda de vegetação de agreste, a desertificação e o encurtamento das faixas de litoral (zona da mata) com o sertão (Caatinga com terras áridas).

A invasão do sertão no agreste está sendo acompanhada pelo governo brasileiro, ambientalistas e cientistas desde 1993. O climatologista Carlos Nobre alerta para a necessidade de reflorestar a região para combater a desertificação.

“Torna-se urgentemente necessário zerar os desmatamentos da caatinga e restaurar um grande percentual dessas áreas desmatadas, evitar as pastagens degradadas que têm levado à desertificação de áreas do semiárido” , diz.

Carlos Nobre destaca o combate à emergência climática e a manutenção da temperatura global em 1,5 graus Celsius. Além disso, lembra que a região tem um enorme potencial econômico. “O potencial econômico e social para a Caatinga é desenvolver uma economia baseada na grande biodiversidade da Caatinga e mantendo essa vegetação”, afirma.

*Com Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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