O Brasil lançou a Rede Restaurabio de Restauração de Ecossistemas, formada por quase 150 especialistas dos centros de pesquisa da Embrapa. Esta rede tem como objetivo desenvolver modelos de restauração para ecossistemas produtivos e ecológicos, influenciar políticas públicas e sistemas de financiamento, identificar lacunas tecnológicas e de conhecimento, além de gerenciar conhecimentos sobre restauração de ecossistemas.
O lançamento oficial da Rede aconteceu em um workshop online no dia 28 de junho, reunindo mais de 80 especialistas. A Rede Restaurabio é a primeira realização do Grupo de Trabalho de Restauração de Ecossistemas, que mapeou os especialistas da Embrapa com focos variados, incluindo gestão da informação, avaliação e projetos, transferência de tecnologia, inclusão socioprodutiva, estudos socioeconômicos, valorização econômica, e gestão e governança externa.
A criação da rede reflete a compreensão da Embrapa sobre a importância da restauração de ecossistemas, uma prioridade do governo federal e de suas políticas públicas. A diretora de Negócios da Embrapa, Ana Euler, destacou que o Brasil tem um conjunto de políticas ligadas ao Plano Nacional de Mudanças Climáticas e compromissos do Acordo de Paris, como a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Metas adicionais do Ministério da Agricultura e Pecuária incluem a expansão de áreas agropecuárias com integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a restauração de pastagens degradadas, agora uma política nacional.
“Hoje a restauração não tem apenas o viés de responder ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), no âmbito da Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Novo Código Florestal), mas também de ser uma das respostas concretas do Brasil para capturar carbono na atmosfera com atividades produtivas”, diz Ana. “O governo espera que as pesquisas da Embrapa possam apoiar diferentes modelos de restauração ecológica, produtiva e energética, para que o Brasil seja capaz de alcançar a liderança de sumidouro de carbono”, completa.
Parcerias e investimentos
A Embrapa está dialogando com várias fontes de financiamento, incluindo o BNDES, para apoiar o desafio do governo de zerar o desmatamento e reverter passivos ambientais no Arco do Desmatamento. Em dezembro de 2023, o governo lançou o Programa Arco da Restauração, com previsão de investir cerca de R$ 1 bilhão.
“Somado a isso, temos a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – (Anater), que possui recursos para transferência destas tecnologias e que pode ser grande parceira nessa cadeia da restauração”, acrescentou a diretora.
“É uma responsabilidade e uma expectativa grande que se tem em relação à contribuição da Embrapa para todas essas políticas”, complementa, mencionando, ainda, o desafio da COP 30, em 2025, quando o país necessitará das informações geradas por esta rede para apresentar ao mundo, no âmbito da restauração de ecossistemas.
Webambiente
O diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon, enfatizou a importância da rede para apoiar o Plano de Ação da Embrapa, especialmente na recuperação de áreas produtivas no Rio Grande do Sul.
“Esse programa de restauração ambiental é um dos seis que julgamos estruturantes para a recomposição da capacidade produtiva do RS e nas questões ambientais do estado”, disse.
“O que assistimos nas necessidades do RS é uma realidade, mas que também está presente em outros estados. Por isso, precisamos de uma agenda como essa de restauração ambiental, que nos permita entregar os conhecimentos e as soluções que a Embrapa inclusive já tem”, afirmou Pillon.
Ele destacou a necessidade de considerar solo, água, fauna, flora e o conceito de Saúde Única nos projetos de restauração. Pillon propôs um programa robusto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em restauração de ecossistemas. “Precisamos articular com políticas públicas e também ter clareza sobre as entregas que queremos fazer, em termos de pesquisa e sua transferência aos multiplicadores”.
Felipe Ribeiro, pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador do Grupo de Trabalho, apontou o fortalecimento da plataforma Webambiente como um dos desafios da Rede. Esta plataforma já reúne experiências em diversos biomas brasileiros e, ao resgatar, organizar e potencializar os dados produzidos pela ciência, abrirá novas oportunidades para a pesquisa em restauração de ecossistemas.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática
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