A partir dos anos 1970, o Brasil foi palco da maior revolução agrícola tropical sustentável da história. Colhemos nossa autossuficiência alimentar, pois até então importávamos alimentos básicos.

A maior oferta de comida reduziu o custo da alimentação e aliviou o orçamento familiar. Essa reviravolta promoveu avanços no bem-estar para a população e, de quebra, tornou o Brasil o maior exportador mundial de alimentos básicos.

Para se ter uma ideia, o Brasil produziu na última safra 230 milhões de toneladas de alimentos, 10 vezes mais do que conseguia produzir quando a grande virada começou.

Esta semana eu conversei com um dos responsáveis por essa transformação: o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. Entre outras ações, Alysson foi responsável pela criação da Embrapa, maior companhia de pesquisa e extensão rural do Brasil. Seu trabalho é tão relevante que o fez receber uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz pela contribuição e dedicação à agricultura tropical, segurança alimentar e sustentabilidade.

Quando a entrevista foi veiculada, o Nobel da Paz já havia sido concedido à jornalista filipina Maria Ressa e ao russo Dmitry Muratov, que fundaram veículos independentes para denunciar abusos de poder. Mas a indicação de um brasileiro a este prêmio já é motivo de comemoração.

Cerrado

O Cerrado foi fundamental para a revolução agrícola. Em 1970, o Brasil enfrentava uma alta expressiva do preço dos alimentos importados e o choque do preço do petróleo. Foi quando pesquisadores e técnicos começaram a corrigir o solo e implantar novas técnicas de cultivo, o que garantiu boa produtividade às lavouras no Cerrado.

O investimento científico e técnico em infraestrutura para a agricultura é parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, os ODS. Alysson Paolinelli lamenta que falta investimento público em pesquisa e extensão rural, mas que o setor privado tem preenchido essa lacuna, e destaca os estudos em insumos biológicos, o que, para o ex-ministro, é a agricultura do futuro.

Alysson Paolinelli criou o Fórum do Futuro, que busca as possibilidades de transformar a ciência em desenvolvimento. Para mim, este trabalho se assemelha muito ao que é feito no Codese, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia, nosso parceiro no Programa Nosso Melhor e que reúne gente muito boa para pensar nosso desenvolvimento sustentável. Quem nos acompanha, sabe.

Alimento e paz

Onde tem alimento não tem guerra. Esta frase do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli me marcou bastante, e ele tem toda razão. A guerra econômica, diz, causa muita fome e miséria. As correntes migratórias são o resultado desta exploração, com o terrorismo como sua faceta mais radical. As grandes nações têm gastado bilhões de dólares para evitar a entrada de imigrantes. A saída, destaca, é investir na agricultura e matar a fome das populações. Um pacto internacional tem que ser feito, e a tecnologia brasileira é parte fundamental na solução deste problema.

No Brasil, para Alysson, é hora de colocar as coisas no lugar. A estabilidade econômica e financeira requer paz política e social, ação fundamental para resistirmos às pressões do mercado internacional. Para Paolinelli, o Brasil tem ferramentas, gente capacitada e recursos para alcançar esta estabilidade. Será que a gente consegue? Acredito que sim e você? O homem, tudo pode, tem que querer e se empenhar em realizar o seu querer.

O programa desta semana esteve diretamente ligado ao ODS número 2: Fome zero e agricultura sustentável

Programa completo

Temas abordados

Quem é o brasileiro indicado ao Prêmio Nobel da Paz?

A história do World Food Prize e sua importância para a alimentação

O Cerrado é o palco da revolução agrícola

Investimento em infraestrutura para o campo – um objetivo da ONU

O Fórum do Futuro e sua semelhança com o CODESE

Onde tem alimento não tem guerra

É preciso estabilidade política e social para o país crescer