O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), junto a pelo menos outros quinze, do movimento ‘Governadores pelo Clima’, assinam uma carta endereçada a Artur Lira, presidente da Câmara, em que pedem que o PL 528/2021, que regulamenta o mercado brasileiro de créditos de carbono seja aprovado, em caráter de urgência, antes da CoP 26, a Conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima, marcada para ocorrer em Glasgow no próximo mês de novembro.
Os gestores defendem que a aprovação do PL de autoria do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) permitirá, a curto prazo, “aumentar a competitividade da economia brasileira no cenário internacional a partir de um ambiente de negócios cada vez mais favorável e baseado nos conceitos ESG, especialmente no setor do agronegócio”. O PL está na Comissão de Meio Ambiente, presidida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro. A modificação do texto gera desconfiança entre deputados da oposição.
Outro ponto em destaque seria “criar consenso e convergência entre demandas de mercados internacionais e fortalecer as vantagens competitivas do setor exportador brasileiro no mercado global”, continuam os governadores. O PL é importante para “consolidar o cenário de mercado de carbono regulado, alinhado entre os governos federal, estaduais e municipais, e considerando salvaguardas socioambientais dos povos originários, populações tradicionais e assentamentos rurais”, segundo defendem os governadores.
Lista
Assinam a carta pelo menos 16 governadores. São eles: Renato Casagrande (ES), Flávio Dino (MA), Wilson Lima (AM), Waldez Góes (AP), Camilo Santana (CE), Ronaldo Caiado (GO), Reinaldo Azambuja (MS), Helder Barbalho (PA) além de João Azevedo (PB), Carlos Roberto Massa Jr. (PR), Paulo Câmara (PE), Wellington Dias (PI), Claudio Castro (RJ), Eduardo Leite (RS), João Doria (SP) e Belivaldo Chagas (SE). Outros ainda podem aderir.
Origem
O documento foi gestado durante evento em Manaus promovido pelo Centro Brasil no Clima (CBC), o Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Talanoa e Fundação Amazônia Sustentável. As lideranças consideram que o PL pode trazer fluxos de recursos financeiros para “ações, projetos e programas visando o enfrentamento da mudança do clima”, a superação da fome e da pobreza.
Outro momento
Mencionam ainda que é preciso “reposicionar o Brasil entre as lideranças globais”. Os governadores, contudo, não mencionam explicitamente ações de combate ao desmatamento – o tema-chave que a comunidade global espera do Brasil.
Começar de novo
Caiado participou junto de ACM Neto de café da manhã organizado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta para iniciar reaproximação com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O deputado foi expulso do DEM em crise deflagrada na eleição à presidência da Casa, quando a bancada do partido decidiu pelo apoio a Arthur Lira (PP/AL).
Retomada
“Dos dois lados, nós fizemos a opção de não tratar de passado, das coisas que aconteceram nesses nove meses de 2021”, disse ACM Neto sobre a reunião com Maia, em entrevista à Folha. “Temos uma relação construída em 20 anos, nos quais os últimos nove meses foram de absoluta divergência. Foi uma conversa em tom ameno, conciliador”, disse.
Futuro
“Um dia, talvez, quem sabe, vale a pena entrar nos últimos nove meses, quando tiver mais distante o que aconteceu. Acho que agora foi mais uma oportunidade de começar do zero do que lavar roupa suja”, conta o futuro secretário-geral do novo partido União Brasil. Questionado sobre possível filiação de Rodrigo Maia, ACM Neto desconversa: “Não sei. Não tratamos sobre isso”.
