Os professores da Universidade de São Paulo (USP) Marcos Buckeridge e José Eduardo Viola falaram ao Jornal da USP sobre os caminhos e obstáculos para lidar com os crescentes desastres ambientais. As pautas ambientais demandam um esforço conjunto e global, mas as ações são lentas ao mesmo tempo que são urgentes.

“A mudança climática está indo tão rápido, que aquilo que nós esperávamos para 2050 agora nós temos que pensar em 2040 e eu acredito que logo nós vamos ter que começar a pensar para 2030”, disse Buckeridge. O professor José Eduardo Viola fez um paralelo do que são ações de mitigação e adaptação as mudanças climáticas.

“Vai ter aumento da política de adaptação, porque aí não tem necessidade de cooperação global”. disse. “A política de adaptação repercute diretamente sobre o local; a de mitigação, não, ela depende diretamente da dinâmica do mundo”, explicou. Mitigação reduz o problema por meio da sustentabilidade e adaptação busca meios de menos afetação por esses mesmos problemas.

Pessimismo

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) são os faróis da humanidade para um futuro sustentável. Entretanto, José Eduardo Viola acredita que alguns países focarão em ações locais de adaptação ao invés de combater os danos ambientais diretamente. Nominalmente, Viola citou a Rússia.

“Parte da elite russa acredita que vai ganhar com a mudança climática porque vai aumentar a superfície de terras agricultáveis na Sibéria, região fria e inóspita no norte do país”.

O professor acrescenta outros países entre os mais poluentes como China, Índia e Estados Unidos. José Eduardo Viola vê dificuldade de acordo num cenário em que as empresas competem por interesses contrários a uma cooperação global.

Esperança

José Eduardo Viola mostrou-se mais pessimista que o professor Marcos Buckeridge. Ações em curso são a esperança de Buckeridge, em especial os esforços das metas concretas da Comissão Europeia de tornar-se neutra de carbono até 2050. 

O professor enxerga na União Europeia um plano organizado de combate às mudanças climáticas. Assim, ressaltou que para o mundo a saída são os tratados internacionais, como o Acordo de Paris. Mas com empenho dos países para cumpri-los.

“Se nós tivermos conjuntos de governo que concordem entre si e que trabalhem em conjunto, como acontece com a Comunidade Europeia, o sistema fica mais simples, os ganhos e perdas ficam mais claros”, argumentou.

*Com Jornal da USP

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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