A consulta periódica ao dentista, a cada seis meses, pode evitar um dos tipos de câncer mais comuns no Brasil: o câncer bucal. Foco da campanha Maio Vermelho, a patologia atinge mais de 15 mil pessoas todos os ano no país, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“O exame, aquele que o dentista faz lá na cadeira sendo bem feito, nós podemos detectar precocemente lesões bem insipientes, ou seja, pequeneninhas, que há a possibilidade através de uma cirurgia até simples remover totalmente aquela lesão e contribuir para que o paciente tenha a cura completa, evitando assim a quimioterapia, a radioterapia, fazendo apenas a cirurgia, a tríade do tratamento contra o câncer”, afirma o cirurgião dentista e coordenador do curso de Odontologia da Universo, Carlos Bandeira Júnior, em entrevista à Sagres.
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“Em uma consulta periódica, em uma simples radiografia você pode detectar o início [do câncer] e conseguir remover totalmente. Quando isso ocorre no início, as chances de cura chegam até quase 100”, acrescenta.
O exame clínico da boca, todavia, é um procedimento simples de observação e não requer instrumentos especiais. Com ele, é possível visualizar lesões suspeitas e diagnosticar o câncer de boca no início, quando ainda há chance de tratamento rápido e cura.
“O estágio [do câncer] avançado na língua, por exemplo. O paciente vai ter de se submeter de uma parte ou totalmente a língua. Se for na mandíbula, esse osso do queixo, quando encontra-se no estágio avançado, tem que remover parte dele”, alerta Bandeira.
Fatores de risco
O cirurgião dentista destaca, porém, que as chances de uma pessoa desenvolver câncer bucal aumentam quando o paciente faz uso excessivo de bebidas alcoólicas ou é fumante. A predisposição genética, ou seja, situações em que o paciente possui casos da patologia na família, contudo, é ainda mais preocupante. Carlos Bandeira reforça a necessidade de se fazer a prevenção.
“Você que fuma ou bebe muito, o álcool e o fumo estão entre as principais causas, reduza ou tire. A pessoa que fuma ou bebe há mais de 30 anos é um possível paciente de câncer bucal”, afirma.
Segundo Bandeira, contudo, um dos maiores erros cometidos pelas pessoas é procurar o profissional apenas em casos de dor ou quando a situação já está fora de controle. “Exemplo é quem está com o doente doendo e tem que fazer canal. Aí procura [o médico] e o cirurgião dentista acaba também ficando restrito apenas ao exame daquele dente. Precisamos fazer a prevenção”, pontua.
Autoexame
Escovação e fio dental são formas eficazes de se evitar a presença de placas e bactérias nos dentes. Carlos Bandeira orienta, no entanto, que abrir bem a boca em frente ao espelho e fazer o autoexame são fundamentais na prevenção contra o câncer bucal.
“Em caso de lesões que não cicatrizam, aftas, que passam de um período maior que 21 dias, procure um cirurgião dentista. Quem usa prótese e ela está machucando, procure um cirurgião dentista porque o traumatismo é uma das principais causas [de câncer]”, analisa.
HPV e exposição ao sol
O HPV (Papiloma Vírus Humano), quando transmitido por sexo oral, está associado a casos de câncer na cavidade oral. “Presença de verrugas na boca. Alguns vírus podem causar essas verrugas e elas podem sim potencializar o aparecimento do câncer”, alerta Bandeira.
Além disso, a exposição ao sol sem proteção é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer labial. Feridas nos lábios, manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas na boca ou abaixo da língua e sagramentos sem explicação requerem investigação de um especialista.
Carlos Bandeira Júnior integra a Câmara Técnica de Ensino do Conselho Regional de Odontologia, que reforça aos profissionais em formação a necessidade de prevenção ao câncer bucal. “A gente procura conversar com todas as universidades porque é onde tem a formação do profissional, para que ele não visualize apenas o problema, para que ele procure com maior minuciosidade alguns outros problemas”, conclui.
O tumor do câncer bucal acomete:
- lábios;
- gengiva;
- bochechas;
- céu da boca (palato);
- língua (principalmente as bordas);
- assoalho da boca (região embaixo da língua).
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