Toda a cidade sabe da existência de um cartel dos postos de gasolina e o fato é que as autoridades não conseguem coibir a prática, que vem de longa data, apesar de já ter sido provada sua existência. Em 2002, o CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, condenou o Sindiposto, Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Goiás, por venda acordada de combustíveis em Goiânia. À época, foi constatado que o sindicato, por intermédio de seu presidente, José Batista Neto, induzia vários postos de Goiânia a aumentar e combinar preços.
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A punição de 11 anos atrás não intimidou os donos de postos, que continuaram agindo de forma articulada para aumentar os preços dos combustíveis. No ano passado, os vereadores da capital concluíram, por meio de uma CEI – Comissão Especial de Investigação – que existe sim um cartel em Goiânia que determina o alinhamento dos preços. Mas até agora nada foi feito para acabar com a farra dos donos de postos de gasolina.
Só não vê que os postos agem de forma articulada quem não quer. Em Goiânia, todos os estabelecimentos vendem combustíveis pelo mesmo preço, os aumentos de preço ocorrem sempre no mesmo dia e atingem todos os postos da cidade. O mais recente foi em setembro, quando os preços foram majorados, sem nenhuma explicação, em R$ 0,30.
O Procon e o Ministério Público agiram em resposta ao aumento, mas os donos de postos negaram a formação de cartel e o aumento foi mantido. A justificação do presidente do Sindiposto, Leandro Lisboa Novato, chega a ser uma afronta à inteligência do goianiense: ele disse que um estabelecimento teria elevado seus preços e os concorrentes decidiram adotar a mesma medida. Alegou estratégia de concorrência, sendo que o que atrai o consumidor é justamente o contrário: preços diferenciados.
Depois do ultimo aumento, o Procon notificou 17 postos por indícios de reajuste abusivo, mas não por formação de cartel. Diante da força dos donos de postos de combustível em manter essa prática espúria de cartel resta ao consumidor pagar o preço que eles estipulam e apenas se revoltar com a incompetência das autoridades.