Na próxima terça-feira (21) é Carnaval. Nesses dias que antecedem a data, as ruas se enchem de blocos carnavalescos e foliões fantasiados, tocando e cantando marchinhas próprias da época. No entanto, nem todas as pessoas gostam de sair de casa para ‘pular carnaval’. Para alguns católicos, por exemplo, o período é uma oportunidade de se desligar da vida cotidiana num retiro de silêncio.

“O retiro de silêncio é um retirar-se e afastar-se, é distanciar-se de suas atividades cotidianas para conectar-se com Deus através da oração. Essa quietude ajuda a pensar na própria vida, a fazer uma revisão e tomar decisões para um itinerário de fé maduro em busca da santidade”, explicou a Irmã Lucilda Cantuária, do Convento das Irmãs Franciscanas da Mãe Dolorosa.

A estudante de Nutrição, Rayane Rocha, participou de um retiro de silêncio no período de carnaval de 2020. Ela contou que nunca viveu um carnaval “no barulho”. “Eu não gosto do barulho e não me vejo participando de uma marchinha de carnaval de rua, por exemplo, isso não é uma coisa que eu goste”, disse.

Naquele ano, a jovem fazia discernimento vocacional com as irmãs da Comunidade Loyola e foi convidada para fazer com elas um retiro de silêncio. 

“Foi uma experiência maravilhosa. Eu não tenho experiência com retiros de carnaval, com aqueles mais comuns. Mas eu queria ir a um retiro naquele ano e comentei com as irmãs. A minha ideia era fazer um retiro como a maioria, com música e pregação. Mas fui convidada pela irmã Martina da Comunidade Loyola para ir ao retiro que elas iriam fazer e a experiência foi maravilhosa”, contou. 

O silêncio

O que é o silêncio? Como é tirar algumas horas ou dias para falar o mínimo e ouvir apenas o essencial de voz de outra pessoa que está no mesmo ambiente que você? O retiro de silêncio caracteriza essa privação voluntária de se pronunciar.

Irmã Lucilda (Foto: SSM Brasil  Irmãs Franciscanas da Mãe Dolorosa/You Tube)

“A primeira coisa para fazer um retiro de silêncio é a pessoa estar disposta a silenciar, a tomar distância de tudo que possa distraí-la. Então, é preciso silenciar o coração e a mente e manter distância do celular e de conversas porque é um momento dedicado para a pessoa crescer na intimidade com Deus”, destacou Irmã Lucilda.

A estudante Rayane disse que adora o silêncio e que como era feriado de carnaval, o local onde estava ficou realmente muito silencioso. “Foi perfeito porque não tinha nada de barulho e externamente estava bem silencioso. Eu só ouvi barulho no último dia, quando o pessoal estava retornando à sua rotina. Mas no retiro mesmo estava bem silencioso”, disse.

Rayane fez o retiro de silêncio do domingo anterior à terça de carnaval até a quinta-feira da mesma semana. Mas Irmã Lucilda destacou que não há uma regra que especifique detalhes como esse. “Num retiro a pessoa reza, confessa, participa da Eucaristia e de pregações. E existem vários tipos de retiro de silêncio, tem de 3, 5, 7, 10, 20 dias e até de 1 mês”, detalhou.

Exemplo de Jesus

Irmã Lucilda disse que existem várias casas de religiosas, sacerdotes e casas de retiro que oferecem retiros de silêncio para as pessoas. O Convento Mãe Dolorosa vai fazer um retiro neste carnaval, mas este ano não será o de silêncio.

“Nós oferecemos dois momentos de um final de semana de retiro de silêncio, geralmente um no primeiro semestre e outro no segundo semestre. Temos o retiro de carnaval que tem alguns momentos de oração, de deserto, adoração, missa, oração do terço durante o retiro, mas não é um retiro de silêncio, pois temos um momento de interação entre os participantes e recreação”, explicou. As inscrições para esse retiro não estão mais abertas.

Imagem: Centro Loyola de Fé, Espiritualidade e Cultura de Goiânia/site  

A Irmã contou que qualquer pessoa pode participar do retiro e que afirmou que viver o silêncio e se colocar num deserto em oração, é seguir o exemplo de Jesus Cristo.

“O retiro de silêncio é  importante porque recarrega as energias e dá um novo sentido para a vida. Se olharmos para Jesus muitas vezes Ele se distanciou das pessoas para rezar, para crescer na intimidade com o Pai. No retiro experimentamos a bondade e misericórdia de Deus  que sempre nos sustenta”, acrescentou.

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