Sagres em OFF
Rubens Salomão

Centrão reage a manifestações golpistas e enfraquece base de Bolsonaro no Congresso

Deputados e senadores receberam mal os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes e passam a admitir maior pressão por processo de impeachment. Mesmo parlamentares alinhados com o Palácio do Planalto enxergam um presidente acuado e alguns sinalizam até que podem engrossar os apelos da oposição pela abertura de um processo de impedimento, por causa das falas e da perspectiva de crime de responsabilidade.

Ouça a coluna Sagres em OFF:

Antes de levar a qualquer processo, as ameaças do de Bolsonaro já aumentam a reação contra o governo no Congresso e dificultam a relação, que já era complicada, principalmente no Senado. A primeira resposta direta pode vir nos próximos dias, com a decisão do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de devolver a Medida Provisória (MP) das fake news, que limita a remoção de conteúdo publicado em redes sociais.

Leia também: Atos pró-Bolsonaro não impactam mercado, que volta a falar em terceira via

A pauta governista, inclusive as reformas, já foi prejudicada pela postura golpista do presidente da República. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) anunciou na última noite o cancelamento de todas as sessões deliberativas e reuniões de comissões previstas para os próximos dias 8 e 9 de setembro na Casa. Este seria o primeiro reflexo dos ataques de Bolsonaro. A avaliação da cúpula da Casa é que não há clima político para votações de projetos, sejam eles de interesse do Palácio do Planalto ou não.

Foto: Bolsonaro com ministro Braga Neto e o vice, Hamilton Mourão. (Crédito: Fabio Rodrigues/ABr)

Em conjunto

“A Presidência [do Senado] comunica às senadoras e aos senadores que estão canceladas as sessões deliberativas remotas e as reuniões de comissões previstas para os dias 8 e 9 de setembro”, diz a mensagem elaborada pela assessoria de Pacheco. Antes do anúncio, Pacheco tratou da suspensão das atividades com a maioria dos líderes partidários, que concordaram com este entendimento.

mcar
Foto: Senador Rodrigo Pacheco deve rejeitar MP das Fake News. (Marcelo Camargo/ABr)

Impedimento

O pós-7 de Setembro também teve como efeito colateral um aquecimento das discussões de impeachment nos partidos de centro. Depois de PSD e PSDB começarem a debater o tema, o Solidariedade deve agendar reunião na próxima semana para fechar posição, enquanto no MDB a pressão interna para que o partido apoie a abertura do processo segue em crescimento.

Espera

O Progressistas, por outro lado, mantém avaliações silenciosas ainda com base no aviso dado ao presidente na última semana. Como informado aqui, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, deu aval à possível desembarque do governo na virada para 2022, a depender do tom das próximas manifestações e consequências do 7 de setembro.

Foto: Presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira. (Crédito: Agência Senado/Divulgação)

Não informados

Bolsonaro também afirmou que convocaria o Conselho da República, órgão que aconselha o presidente em casos de crise, principalmente quanto a decretar intervenções federais como ou estado de defesa ou de sítio. Entre os membros do conselho estão o vice-presidente, Hamilton Mourão, presidentes da Câmara, Arthur Lira, o do Senado, Rodrigo Pacheco, e líderes da maioria e da minoria das respectivas casas. Nenhum deles, no entanto, havia sido avisado sobre a agenda.

No Executivo

Depois, o Palácio do Planalto informou aos componentes do grupo que não haveria reunião do Conselho da República. A reunião será do Conselho de Governo, que reúne o presidente, o vice, ministros e convidados para debater temas importantes. O último encontro do grupo aconteceu em 19 de novembro de 2020.

Silêncio

A ausência do governador Ronaldo Caiado (DEM) do debate público a favor ou contra as manifestações pró-bolsonaro dá o tom da relação com o presidente. Caiado fez apenas postagem genérica sobre o Dia da Independência, com foto de si com a bandeira nacional ao fundo.

Curtidas

O principal opositor ao governador, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), também não fez referência direta às manifestações e postou foto com a bandeira, que foi curtida por bolsonaristas. “Estarei sempre pronto para lutar por um país mais justo e fraterno, a partir das nossas cidades”, escreveu.

Senado

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, revelou ao Estadão a intenção de disputar as eleições em 2022. Tendo o objetivo, inclusive de concorrer a uma cadeira no Senado por Goiás.

Caminho

“Vou caminhar junto com o presidente. Não sei se exatamente num governo  de Estado, não sei se exatamente em São Paulo. De repente no Parlamento, de repente em Goiás. Por exemplo, por que não o Senado em Goiás?”, diz o ministro. Além de Goiás, o estado do Mato Grosso também é uma possibilidade cogitada por Tarcísio.

Foto: Tarcísio de Freitas ao lado de Bolsonaro e do vice-governador Lincoln Tejota. (Crédito: Divulgação)

Mais Lidas:

Sagres Online
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.