Deputados e senadores receberam mal os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes e passam a admitir maior pressão por processo de impeachment. Mesmo parlamentares alinhados com o Palácio do Planalto enxergam um presidente acuado e alguns sinalizam até que podem engrossar os apelos da oposição pela abertura de um processo de impedimento, por causa das falas e da perspectiva de crime de responsabilidade.
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Antes de levar a qualquer processo, as ameaças do de Bolsonaro já aumentam a reação contra o governo no Congresso e dificultam a relação, que já era complicada, principalmente no Senado. A primeira resposta direta pode vir nos próximos dias, com a decisão do presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de devolver a Medida Provisória (MP) das fake news, que limita a remoção de conteúdo publicado em redes sociais.
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A pauta governista, inclusive as reformas, já foi prejudicada pela postura golpista do presidente da República. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) anunciou na última noite o cancelamento de todas as sessões deliberativas e reuniões de comissões previstas para os próximos dias 8 e 9 de setembro na Casa. Este seria o primeiro reflexo dos ataques de Bolsonaro. A avaliação da cúpula da Casa é que não há clima político para votações de projetos, sejam eles de interesse do Palácio do Planalto ou não.

Em conjunto
“A Presidência [do Senado] comunica às senadoras e aos senadores que estão canceladas as sessões deliberativas remotas e as reuniões de comissões previstas para os dias 8 e 9 de setembro”, diz a mensagem elaborada pela assessoria de Pacheco. Antes do anúncio, Pacheco tratou da suspensão das atividades com a maioria dos líderes partidários, que concordaram com este entendimento.

Impedimento
O pós-7 de Setembro também teve como efeito colateral um aquecimento das discussões de impeachment nos partidos de centro. Depois de PSD e PSDB começarem a debater o tema, o Solidariedade deve agendar reunião na próxima semana para fechar posição, enquanto no MDB a pressão interna para que o partido apoie a abertura do processo segue em crescimento.
Espera
O Progressistas, por outro lado, mantém avaliações silenciosas ainda com base no aviso dado ao presidente na última semana. Como informado aqui, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, deu aval à possível desembarque do governo na virada para 2022, a depender do tom das próximas manifestações e consequências do 7 de setembro.

Não informados
Bolsonaro também afirmou que convocaria o Conselho da República, órgão que aconselha o presidente em casos de crise, principalmente quanto a decretar intervenções federais como ou estado de defesa ou de sítio. Entre os membros do conselho estão o vice-presidente, Hamilton Mourão, presidentes da Câmara, Arthur Lira, o do Senado, Rodrigo Pacheco, e líderes da maioria e da minoria das respectivas casas. Nenhum deles, no entanto, havia sido avisado sobre a agenda.
No Executivo
Depois, o Palácio do Planalto informou aos componentes do grupo que não haveria reunião do Conselho da República. A reunião será do Conselho de Governo, que reúne o presidente, o vice, ministros e convidados para debater temas importantes. O último encontro do grupo aconteceu em 19 de novembro de 2020.
Silêncio
A ausência do governador Ronaldo Caiado (DEM) do debate público a favor ou contra as manifestações pró-bolsonaro dá o tom da relação com o presidente. Caiado fez apenas postagem genérica sobre o Dia da Independência, com foto de si com a bandeira nacional ao fundo.

Curtidas
O principal opositor ao governador, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), também não fez referência direta às manifestações e postou foto com a bandeira, que foi curtida por bolsonaristas. “Estarei sempre pronto para lutar por um país mais justo e fraterno, a partir das nossas cidades”, escreveu.

Senado
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, revelou ao Estadão a intenção de disputar as eleições em 2022. Tendo o objetivo, inclusive de concorrer a uma cadeira no Senado por Goiás.
Caminho
“Vou caminhar junto com o presidente. Não sei se exatamente num governo de Estado, não sei se exatamente em São Paulo. De repente no Parlamento, de repente em Goiás. Por exemplo, por que não o Senado em Goiás?”, diz o ministro. Além de Goiás, o estado do Mato Grosso também é uma possibilidade cogitada por Tarcísio.
