O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) levou o projeto Cidade Mulher para Maceió (AL). Nele, um grupo de 36 estudantes de escolas de dois bairros do município compartilharam suas percepções e vivências com a cidade para construir políticas públicas de segurança para as mulheres.

A ideia do projeto é incentivar a participação feminina no planejamento urbano das cidades onde elas vivem. Em Maceió, por exemplo, as 36 jovens eram da Escola Estadual Doutora Eunice Lemos e da Escola Estadual Maria das Graças de Sá Teixeira, duas unidades distintas por suas localizações e índices em avaliações de ensino. 

A escolha das escolas deu-se pelo critério de violência e criminalidade no entorno e por apresentarem taxas de desempenho educacional diferentes.

Questão de gênero

O projeto do programa ONU-Habitat tem o objetivo central de incentivar a participação das meninas na construção das políticas públicas para mulheres na cidade. Elas participaram de oficinas em que eram as protagonistas no planejamento urbano de Maceió. Por isso, o resultado as propostas viraram recomendações ao Governo de Alagoas.

Com a metodologia do Programa Global Cidades Mais Seguras do ONU-Habitat, o projeto Cidade Mulher foca na segurança das mulheres no espaço urbano. Mas projeto surgiu primeiro em Recife, em março de 2022, e chegou em forma de piloto em Maceió, pelo projeto regional Visão Alagoas 2030.

O grupo de 36 meninas era formado por 72,2% de jovens que se declaram pretas e pardas; 25% que se declaram brancas; e 2,8% de meninas indígenas. As percepções de cada grupo foi essencial para o resultado das sessões.

Vivências

Foto: Minne Santos / ONU-Habitat

As meninas da escola Maria das Graças são mais otimistas com o futuro e expressam suas opiniões sem medo enquanto as estudantes da Eunice Lemos são mais tímidas com posicionamento, tem mais incertezas e são mais ansiosas. A insegurança é o ponto comum entre os dois grupos.

Elas relataram medo de circular pelos espaços públicos, limitação na sociabilização e preocupação com a forma de se vestir. Por isso, as vivências das meninas foram enviadas como recomendações de políticas públicas de segurança para o governo estadual de Alagoas.

Rayne Ferretti Moraes, responsável pelo ONU-Habitat no Brasil, reforçou que o projeto incentiva a participação feminina na formulação de políticas para mulheres nas cidades. “Mulheres e homens experimentam a cidade de formas diferentes. Nós precisamos evidenciar essas desigualdades para que sejam elaboradas políticas públicas mais inclusivas”, disse.

Acolhimento

Esther Helena de Lima é estudante da Escola Maria da Graça e afirmou que o projeto Cidade Mulher é uma experiência de acolhimento para as meninas perceberem que não estão sozinhas. 


“Pela primeira vez, eu pude ver meninas conversando sobre seu bem-estar físico ao andar nas ruas. Como a gente se sente quando a gente sai à noite, quando vestimos as roupas que temos vontade. Nós, mulheres, precisamos ter o direito de ser quem somos, mas essa não é a realidade sempre”, contou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 05 – Igualdade de Gênero.

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