Uma colaboração internacional liderada por cientistas brasileiros e espanhóis está ajudando a mapear as lacunas de conhecimento sobre a biodiversidade na Antártida.
O projeto é coordenado pelo pesquisador José Alexandre da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pelo cientista Joaquim Hortal, que atua na Espanha. De acordo com o objetivo, eles buscam entender o que ainda não se sabe sobre os ecossistemas antárticos. Além disso, como essa falta de informação pode impactar estudos sobre mudanças climáticas.
“Nosso trabalho consiste em desenvolver metodologias e concepções teóricas para entender o que não sabemos e como essa falta de conhecimento influencia nossa compreensão dos ecossistemas”, explica José Alexandre, em entrevista ao Tom Maior do Sistema Sagres.
De acordo com ele, um dos grandes desafios é determinar até que ponto a ciência pode prever a resposta dos organismos às mudanças climáticas futuras.
Pesquisa transnacional e colaboração científica
O estudo é realizado no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), sediado na UFG e financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A equipe trabalha na área de biogeografia e macroecologia, utilizando grandes bases de dados e metodologias avançadas para mapear áreas pouco exploradas.
“A Antártida é um continente onde há muito conhecimento sobre alguns organismos emblemáticos, como os pinguins, mas sabemos muito menos sobre invertebrados e micro-organismos”, destaca Joaquim. “Nosso objetivo é identificar onde estão essas lacunas para orientar futuras pesquisas.”
A colaboração conta com mais de 30 cientistas de diversos países, muitos deles vinculados ao Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR, na sigla em inglês), um programa internacional amparado pelo Tratado da Antártida.
“A Espanha tem uma presença forte na Antártida, assim como a Argentina e o Brasil. Nossa pesquisa surgiu a partir do contato com Luís Pertierra, do Museu Nacional de Ciências Naturais em Madrid, que nos convidou para participar desse esforço global de mapeamento de lacunas”, relata Joaquim.
Impactos na ciência e nas mudanças climáticas
A pesquisa busca responder a questões cruciais sobre a adaptação da biodiversidade a ambientes extremos e os impactos do aquecimento global.
“A Antártida é um ambiente de condições extremas, principalmente em temperatura. Compreender como as espécies sobrevivem lá nos ajuda a prever o que pode acontecer em outros ecossistemas”, explica José Alexandre.
Além disso, a iniciativa contribui para a formulação de políticas ambientais mais eficazes. “Sistematizar esse conhecimento permite identificar prioridades para conservação e prever impactos de mudanças ambientais. Nosso trabalho ajuda a orientar estratégias globais de proteção à biodiversidade”, conclui o pesquisador.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 14 – Vida na Água; ODS 15 – Vida Terrestre
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