A Medida Provisória assinada pelo presidente Jair Bolsonaro abriu um novo cenário e a possibilidade de mais receitas para os clubes brasileiros.

Assim é o entendimento de muitos, porém outros possuem uma visão diferente.

O Flamengo puxa a fila dos favoráveis as mudanças e pega o embalo motivado pela excelente fase nas quatro linhas, que tem reflexo imediato nas finanças e com a boa relação com o Palácio do Planalto.

Só que o Flamengo tem uma torcida gigante nacionalmente e isso precisa ser levado em conta. Teve coragem de ir contra a Rede Globo e aproveitou da MP para tocar suas transmissões de forma independente.

Outros clubes imaginam que possam surfar na mesma onda, algo que imagino ser pouco provável. Além de buscaram um conflito com a emissora, também querem mudar o calendário do futebol nacional, buscando desvalorizar os Estaduais.

A posição do presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, compartilhada em uma rede social nesta quinta-feira (02), recebeu o apoio de Adson Batista, mandatário do Atlético Clube Goianiense.

O dirigente baiano entende que o Campeonato Brasileiro deveria ser estendido para nove meses com uma pré-temporada de 40 dias. Isso significa que os Estaduais perderiam ainda mais o espaço que possuem no calendário.

“Com calendário 2020 invadindo 2021, é o momento de transformarmos os estaduais em competições de acesso para os clubes pequenos e de revelação de atletas para médios/grandes”.

A ideia do presidente do Bahia é uma forma clara de acabar com essas competições e consequentemente decretar o fim de vários clubes do Brasil.

Confira o que escreveu Guilherme Bellintani em seu Twitter

“Teoria do Caos. Futebol brasileiro passa por impressionante oportunidade de mudança. Direitos do mandante, streaming, calendário ameaçado, contratos cancelados, coronavírus, PIB negativo.

A Teoria do Caos parece chegar ao futebol. A seguir, Efeitos Borboletas e possíveis tufões. A retirada dos investimentos nos estaduais é desejo antigo da Globo, que agora parece ter encontrado o momento certo. Confirmado o Carioca, faltará o Paulista. Os demais já estavam com desinvestimento programado.

Que bom viver isso, mesmo de um jeito atravessado. A chance é única. Não é razoável que os clubes mantenham zumbis esportivos e comerciais em nome de um dinheirinho de curto prazo. Talvez nós, clubes, tenhamos que agradecer à Globo mais adiante por fazer esse movimento. Cultuar zumbis esportivos é sermos zumbis esportivos.

Com calendário 2020 invadindo 2021, é o momento de transformarmos os estaduais em competições de acesso para os clubes pequenos e de revelação de atletas para médios/grandes. Bahia e Vitória já decidiram que jogarão Baiano só com jovens que precisam mostrar talento. Alguns clubes brasileiros sonham se tornar globais jogando estaduais. É como o Barcelona jogar o campeonato da Catalunha.

Quando um clube usa time reserva no Brasileiro para jogar Libertadores ele faz isso porque jogou o Estadual. Algo parece estar fora da ordem há muito tempo. Um Brasileirão de 9 meses com pré-temporada de 40 dias deixaria tudo melhor. E eu troco fácil um título estadual por 3 pontos a mais no Brasileirão, em vez de precisar poupar titular.

Clubes nacionais nunca serão mundiais jogando estaduais. Essa crise não é só da MP 984/20. É dificuldade da TV manter produtos de pé, é retração de anunciantes, é falta de liquidez dos clubes, é excesso de jogos. Mas é também oportunidade. Por trás da imprevisibilidade há uma ordem. O Caos não é necessariamente algo ruim. O Caos anima.”