A médica infectologista Mariana Tassara afirmou em entrevista à Sagres, que ainda não é o momento para o retorno do público aos estádios de futebol. Segundo a infectologista, atualmente, não é indicado liberar nenhuma atividade que não seja essencial. “Goiás continua com altos índices de contaminação, muitos casos, ainda com muita procura dos serviços de saúde e o risco de transmissão comunitária da variante Delta, que causaria uma nova onda, com risco de colapso dos serviços de saúde”.

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Mariana explicou que não se trata apenas das pessoas no estádio, espaço aberto e mais espaçoso, mas sim de toda a movimentação que as pessoas teriam que fazer para chegar ao local. Além disso, as emoções causadas por uma partida de futebol faz com que não haja garantia do distanciamento entre os torcedores, que poderiam se abraçar, por exemplo, quando ocorresse o gol em uma partida.

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“Nós ainda não temos uma população vacinada com as duas doses. Só temos primeira dose em uma parcela da população, então é muito arriscado voltar atividades que no momento não são essenciais”, reforçou.

Sobre a alta no número de casos que Goiás vem apresentando nas últimas semanas, com média móvel de 2.607 casos diários, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Mariana declarou que as liberações ocorreram antes da taxa de transmissão diminuir, além da possibilidade da variante Delta estar com transmissão comunitária no Estado. “Teria que esperar abaixar para poder abrir e fazer uma análise, mas não existiu isso em Goiás”.

Doença mais leve em vacinados

A médica infectologista Mariana Tassara detalhou que pessoas que tomaram uma ou duas doses da vacina contra Covid tem chegado aos hospitais, com maior registro de pessoas que ainda não estão com o esquema vacinal completo. A médica explicou, porém, que as pessoas que pelo menos iniciaram a imunização tem tido uma versão mais leve da doença, sem necessidade de ventilação mecânica.

“Essa é a causa para o sistema não estar colapsado, porque os casos são mais leves e a gente consegue dar alta mais rápido. Muitos casos se mantêm ambulatoriais, como é a doença natural, que a maioria nem precisa de internação, mas continuamos, por exemplo, com o pronto socorro muito cheio, as UTIs sempre lotadas, mas conseguimos uma rotatividade maior”.

Sobre a vacinação, Mariana explicou que há ganhos coletivos e individuais com a imunização. “A gente observa que mesmo com uma dose, a doença fica mais leve, então pensando individualmente, você vacinado salva sua própria vida […] Agora, pensando no coletivo, quando 70%, 80% da população está imunizada, o vírus perde força, começa a ser tirado de circulação”. Mariana ainda declarou que nessa medida, as mutações se tornam mais raras, diminuindo a possibilidade do surgimento de uma variante capaz de driblar os anticorpos e projetando fim da pandemia.