A partir da próxima terça-feira (16), depois de Atlético Goianiense e Goiás, o Vila Nova será o terceiro clube da capital goiana a abrir as portas do seu centro de treinamento para a reapresentação de jogadores e comissão técnica. Primeiro, uma bateria de exames sorológicos antes de os trabalhos físicos de fato começarem no CT Toca do Tigre e no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga.

Com saudade de voltar a ter contato com seus companheiros e a bola de futebol, algo que não acontece desde março, Pedro Bambu revelou também estar ansioso pelos exames para poder tirar um ‘peso das costas’. Afinal, mesmo com todo o cuidado no período longe do clube e o respeito à quarentena, o experiente jogador de 33 anos eventualmente teve que sair de casa e esteve exposto ao risco de contágio do coronavírus.

Na última semana, o volante do Vila Nova conversou com Charlie Pereira para o Sistema Sagres de Comunicação e falou sobre o período afastado do futebol, recluso em casa “sem poder fazer o que mais amamos, que é jogar bola. Mas respeitando a quarentena, como também foi pedido pelo clube para que os jogadores ficassem em casa para se precaverem desse vírus, que todos estamos muito cientes de que é muito perigoso”.

Quarentena

Segundo Pedro Bambu, basicamente “é isso que estamos fazendo, saindo só para o supermercado, porque não tem como não sair, mas com precauções. Mesmo assim, dá um medo muito grande, porque não sabemos quem está ou não contaminado e temos que estar sempre atentos a tudo que vem acontecendo”. Muito consciente do perigo que a covid-19 pode causar, o jogador precisa estar atento também pela família que sustenta.

Ao lado das pequenas Flávia e Crislaine, o jogador agora precisou ‘marcar’ de mais perto suas filhas, mas ganhou um contato que faltava no dia a dia do futebol. “Temos que inventar algumas coisas para alegrar a ‘criançada’, principalmente em casa. As minhas filhas estavam acostumadas a ir para a escola e brincar na rua, e hoje se torna mais difícil. Tentamos explicar para elas o que está acontecendo e, graças a Deus, estão entendendo bastante”, destacou.

Natural de Pindaré-Mirim, no interior do Maranhão, Pedro Bambu revelou que “não quis sair daqui (Goiânia). Vejo que no Maranhão está mais perigoso do que aqui, são muitos casos e vemos que as pessoas às vezes não respeitam a quarentena. Fico muito preocupado pela minha mãe e os meus irmãos, mas conversamos bastante para ela não poder sair. No interior onde moro, não tinha caso e agora apareceu um. Então quisemos ficar aqui mesmo, porque é melhor estar dentro de casa”.

Futebol

Sobre a rotina de treinos em casa, o volante frisou que “não temos um espaço muito grande. Não é igual no clube, onde temos uma ampla estrutura para fazer tudo aquilo que o preparador físico pede. Em casa, fazemos algumas coisas mas não é da mesma forma. Então a saudade de voltar a trabalhar, conviver, brincar e dar entrevista é muito grande. Esperamos que possamos voltar o mais rápido possível e fazer o nosso trabalho com segurança”.

O retorno já tem data marcada: dia 16 de junho, nesta terça-feira. Primeiro para realizar os exames. Bambu afirmou que “estamos seguros para voltar, mas também ficamos com aquela expectativa, por ter saído para comprar e fazer algumas coisas, e não sabemos realmente como estamos. Vamos ficar mais tranquilos depois que fizermos os exames e saber que estamos livres do vírus. É uma preocupação que tenho, porque esperamos que não (tenha sido infectado), mas pode acontecer”.

Enquanto isso, a diretoria colorada se manteve bastante ocupada para manter as contas em dia. Uma medida foi a dispensa de jogadores, e desde o início da temporada já foram 11 saídas, que agora podem ser 12, com a negociação para a saída por empréstimo do zagueiro Brunão para o futebol português.

Com o extenso calendário calendário do futebol brasileiro apertado com mais de três meses de inatividade, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estuda reduzir o intervalo dos jogos, de 66 para 48 horas. Pedro Bambu ponderou que “hoje estamos com o grupo reduzido e sabemos como está o Vila Nova no momento. É uma coisa que o clube não esperava, principalmente o presidente (Hugo Jorge Bravo), pelo que fala para nós. É um cara sério e que está procurando sempre arcar as despesas e fazer tudo ‘certinho’”.

Experiente, o jogador reforçou que “jogo a cada 48 horas todo mundo sabe que é muito difícil, ainda mais se tiver viagem. Se fosse só em Goiânia, era outra situação. Muitos clubes vão sentir se não tiverem um elenco grande. Nesse caso, a CBF está pensando terminar o campeonato, mas também tem que pensar que alguns clubes não têm condições de montar um elenco grande, principalmente pela parte financeira e agora pela covid-19”.

Ciente da crise econômica ampliada pela pandemia, Bambu lembrou que “muitos patrocinadores saíram porque não teriam retorno, já que os clubes não tinham jogos para poderem divulgar a marca. Nós, jogadores, queremos jogar. É o que fazemos e a nossa profissão, mas temos que saber qual a situação do clube e como vai ficar se o campeonato tiver jogo em cima de jogo”.