Goiás está entre os 20 estados brasileiros que apresentaram recorde na taxa de desemprego em 2020. O índice estadual foi de 12,4%, abaixo da média nacional que foi de 13,5%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em entrevista à Rádio Sagres 730, o chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, condicionou a retomada econômica ao controle da pandemia.

“A pandemia, sem dúvida, é um fator importante pra essa taxa que estamos tendo agora. Se tratando do setor de serviço, que foi o mais afetado, a gente vai ter melhora na medida em que evoluímos o processo de vacinação. Do ponto de vista das empresas, ano passado teve a permissão da suspensão dos contratos e o governo arcando com uma parte dos salários, evitando um desemprego ainda maior. A gente não tem até agora nenhuma medida nesse sentido. É difícil para os empresários arcarem com essas despesas. A área econômica e de saúde precisam andar em conjunto porque são complementares e não rivais. Com melhoria na saúde vamos ter retomada da economia”, frisou.

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No ano passado, o auxílio emergencial contribuiu também para frear a pobreza, segundo Edson. Em Goiás, 44% das famílias receberam a ajuda do governo federal. “O auxílio emergencial que atingiu 67 milhões de brasileiros. Foi fundamental pra amenizar essa crise”, explicou o chefe do IBGE em Goiás.

2020 registrou a maior queda do consumo das famílias em 25 anos, seja por conta da redução da renda, ou pelas restrições de gastos. O consumo no ano que a pandemia começou foi concentrado em produtos característicos da crise. “Esse consumo ficou concentrado em grupo de alimentos e bebidas, materiais de construção e eletrodomésticos. As pessoas ficando mais em casa, buscaram melhorar suas residências. Temos uma pobreza muito grande no país e na medida em que as pessoas tiveram renda, foram buscando melhorar um pouco suas vidas”, complementou Edson.

A taxa de desocupação vem elevada desde 2018, quando foi registrado o índice de 9,2% de desemprego em Goiás. Em 2019, essa taxa aumentou para 10,6% e em 2020 voltou a aumentar para 12,4%. “A gente teve em 2015 e 2016 quedas que somadas foram 6,8%. Depois tivemos uma retomada do crescimento em 2017, 2018 e 2019. E somando esses três anos 4,6%, que foram anulados pela queda de 2020”, explicou Edson.  

NO BRASIL

A taxa média de desocupação nacional aumentou de 11,9% em 2019 para 13,5% no ano passado, a maior da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. As maiores taxas foram registradas em estados do Nordeste e as menores, no Sul do país. Esses resultados decorrem dos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de trabalho.

Em 2020, as maiores taxas de desocupação ficaram com Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%), enquanto as menores com Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul (9,1%) e Paraná (9,4%).

No intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas no país, chegando ao menor número da série anual (86,1 milhões). Com isso, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%.