A pandemia do coronavírus (Covod-19), decretada em março pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ocasionou a suspensão das aulas, com o objetivo de proteger as crianças e evitar a disseminação do vírus entre a população. Em Goiás, o governo emitiu nota técnica determinando a paralisação das aulas em todos os níveis educacionais, públicos e privados no dia 15 de março.

Com a determinação do governo, as aulas passaram a ser realizadas em regime especial, não presenciais, e os alunos seguem estudando em casa. Os pais tentam conciliar o trabalho doméstico e o formal, com as atividades escolares dos filhos e essa nova rotina.

Segundo o Censo Escolar registrado em 2019, no Brasil há cerca de 47,9 milhões de alunos matriculados nas redes públicas e particulares. Alunos que agora precisam se adaptar a essa nova realidade.

A diarista Marilene Magalhaes, contou que é difícil manter a concentração da filha caçula de 13 anos de idade, pois em casa têm vários itens que acabam tirando a concentração da menina. “Eu tenho que ficar de olho nela, e ver se está colocando as atividades em dia e não mexendo em outras coisas na internet. Ela se distrai facilmente, sempre preciso incentivá-la. Uma coisa é fazer tarefa de casa e outra é ter todas as aulas e lições aplicadas a distância”, contou Marilene.

Alguns pais sentem dificuldade para auxiliar as crianças na compreensão de certas matérias e atividades. Este é o caso da Claudia Francisca de Carvalho, que é mãe de cinco filhos, três em idade escolar. Segundo ela é uma fase difícil, pois ninguém estava preparado para mudanças tão grandes e repentinas. “São muitas matérias que eu não tive enquanto estudava e por isso não consigo ajudar meus filhos como gostaria” comentou ela.

A pedagoga da Escola Municipal Francisco de Assis Nunes, localizada em Aparecida de Goiânia, Leila Fonseca Cardoso, atua com ensino fundamental há 20 anos e educação infantil há oito. Leila Fonseca explicou que nesse momento as atividades estão sendo desenvolvidas de outras formas para se adequar a está nova realidade. “O professor precisa de sabedoria na elaboração das propostas de atividades, uma vez que as tarefas devem ser feitas sempre através da parceria entre a família, criança e escola”, explicou.

Cinco dicas para os pais 

A primeira dica da pedagoga está relacionada a importância do afeto no aprendizado das crianças. “Precisamos levar em conta que estamos em um momento em que é essencial que a criança tenha o apoio da família, nada de muita cobrança, afinal as crianças são vítimas assim como nós. Esta é uma situação atípica, onde as dificuldades fazem parte do processo de desenvolvimento. Teremos uma vida inteira para recuperar os conteúdos. Agora é preciso trabalhar as emoções”, explicou a pedagoga.

A próxima dica da profissional de educação infantil é aprender a usar a tecnologia para o aprendizado dos filhos. Segundo ela é hora de usar as ferramentas que temos ao nosso favor, e diariamente usamos essas tecnologias para o lazer, agora precisamos aprender utilizá-las para a educação. “Nós sabemos que a tecnologia está presente em todos os lugares e é uma ferramenta favorável.

De acordo com Leila Fonseca, é essencial que os pais organizem o tempo da criança é criem rotinas, isso ajuda a evitar momentos de correria ou estresse infantil. “Os pais em primeiro lugar precisam organizar o tempo e espaço com as crianças. Tornar o momento atrativo e participar valorizando e interagindo”, explicou.

A quarta dica da pedagoga é estimular a criança fora dos horários de aula. Segundo ela quanto maior o envolvimento da família nas experiências escolares das crianças, mais ela terá vontade de aprender. “Esse é o momento de valorizar uma contação de histórias, atividades concretas e significativas na matemática, um planejamento dos gastos através de atividades que envolvam a compra e venda, atentando ao que é realmente necessário, sentar e ler um livro, usar o celular como ferramenta de aprendizagem. Os pais precisam ensinar os filhos”, enfatizou.

Como última dica, Leila afirmou que se os pais tiverem dificuldade de auxiliar os filhos nas atividades ou se houver qualquer dúvida, a família deve entrar em contato com os professores e a escola. “Em Aparecida, nós ficamos à disposição dos pais e dos alunos no período de aula, respondendo a todas as questões e sanando dúvidas. Nós estamos sempre à disposição para fazer essa ponte entre os pais que apresentarem dificuldades para auxiliar os filhos”, concluiu a pedagoga.

Aulas de Língua Brasileira de Sinais 

A pedagoga Pollyane Rodrigues de Oliveira, trabalha na Escola Municipal Francisco de Assis Nunes, como intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), explicou que a função do intérprete de LIBRAS é fundamentalmente, interpretar os conteúdos ministrados pela professora regente.

Segundo ela há uma diversidade grande de alunos surdos e cada um com uma necessidade diferente e com nível de aquisição linguística da Libras distinta. “A aluna que eu acompanho no momento, na Escola Municipal Francisco de Assis Nunes, está em aquisição da língua, mas é alfabetizada em português, ou seja, o meu trabalho ainda é de mediar a aprendizagem de LIBRAS”, explicou.

O desafio da pedagoga é alcançar os alunos a distância. De acordo com Pollyane, para a aula de LIBRAS, são elaborados semanalmente vídeos criativos para ensinar sinais. “O legal é que as aulas não foram feitas para apenas um aluno e toda a turma tem participado e aproveitado o conteúdo”, afirmou.

A proposta das aulas de LIBRAS da pedagoga é tornar o ensino mais autônomo possível para o aluno. Segundo ela, mesmo assim é importante e são bem-vindos os pais que se encontram disponíveis pra auxiliar neste momento e se amparar no professor. “Incentivar os filhos sobre a importância da participação nesse momento de crise, fazer trocas com as crianças sobre os assuntos estudados e encontrar um momento para a criança se dedicar as aulas são atitudes fundamentais para um bom aprendizado, pontuou a pedagoga.

PALLOMA RABELO é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a PUC GOIÁS sob supervisão do jornalista VINICIUS TONDOLO.”