Uma pesquisa feita por três alunos da rede pública de Goiás está entre os finalistas na 18° Feira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2020. O projeto dos jovens pesquisadores propõe a substituição de compostos químicos por um composto natural, baseado no soro do leite bovino, para adubar o solo no plantio de cana-de-açúcar.

O trabalho foi orientado e incentivado pela professora e bióloga Ayanda Lima. Os estudos iniciaram em 2018, quando os alunos ainda cursavam a 1ª série do ensino médio. Segundo ela, os alunos se reuniram em sala de aula apenas para compartilhar bibliografias e experiências sobre a pesquisa, mas boa parte dos trabalhos foram feitos no laboratório de ciências da escola e em uma chácara cedida por um agricultor voluntário.

Esta não é a primeira vez que o trabalho dos jovens pesquisadores é reconhecido. Em 2019, o projeto ficou em 3º lugar na 24° edição da Feira Ciência Jovem de Recife. Além disso, no final do ano passado a pesquisa também foi premiada no “The Prudential Spirit of Community Awards”, concurso internacional que reconhece o trabalho voluntário de pesquisadores jovens em sete diferentes países.

Iago Prado recebendo o prêmio Prudential em 2019
Iago Prado recebendo o prêmio Prudential em 2019

Ayanda conta que sugeriu ao grupo de alunos alterar o tema da pesquisa para concorrer na Feira de Ciências e Engenharia deste ano. Mas, para sua surpresa, os alunos decidiram continuar na pesquisa e aperfeiçoar a ideia.

“É inexplicável ver meus alunos tão empenhados. Os meninos realizaram tudo. O que eu os orientei, eles executaram em campo perfeitamente. Como não se encantar com isso”, ressalta.

Iago Lima Prado, de 17 anos, é um dos alunos responsáveis pela pesquisa e conta que a curiosidade pelo assunto surgiu em uma roda de conversa entre a professora e alguns alunos. Relembrando uma aula ministrada pela professora sobre o soro de leite, eles decidiram pesquisar também sobre os vegetais e juntar os dois.

“Nós procuramos levar essa pesquisa para a verdadeira necessidade, que são os agricultores e os produtores de queijo”, explica Iago. Segundo ele uma empresa de laticínios e agricultores locais apoiaram o trabalho oferecendo espaço e alguns materiais utilizados para a pesquisa como adubo e fertilizantes.

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido em duas etapas, como explica Iago. “Na primeira fase nós avaliamos o desenvolvimento em pequenas mudas de cana de açúcar e na segunda fase nós avaliamos o desenvolvimento em solo. Nessa última fase nós analisamos como o solo respondia ao adubo e o resultado na cana”.

Iago defende que a pesquisa é fundamental para o desenvolvimento agropecuário. Ele explica que o adubo é “uma alternativa mais viável e sustentável para os agricultores”. Isso porque no cultivo da cana de açúcar é comumente utilizado um fertilizante industrial que prejudica o solo por conta de seus macro e micro nutrientes.

“Nós provamos, em nossa pesquisa, que o agricultor deixa de utilizar um composto prejudicial ao solo e passa a utilizar um composto que é rico em vitaminas, proteínas e aminoácidos”, pontua.

O aluno diz que se sentiu lisonjeado por ter o projeto reconhecido por uma equipe especializada, como a da Febrace.

A gestora do Centro de Ensino em Período Integral Dom Veloso, Lauricéa Vilela, onde os alunos estudam, conta que esse tipo de premiação é um grande incentivo não apenas para os premiados, mas para todos os outros da escola. Por isso a escola tem outros projetos para que os alunos possam desenvolver suas ideias e pesquisas.