O economista Vitor Gontijo afirmou que se tratando de aposentadoria tempo é dinheiro. Mas a maioria das pessoas não sabem quando é a hora de começar o planejamento e se é mais vantajoso fazer por conta própria ou pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Confira abaixo as dicas que o economista compartilhou em sua participação no Tom Maior.
“O quanto antes as pessoas começarem a se programar e investir para a aposentadoria maior vai ser aquela bola de neve do bem que ela vai conseguir acumular lá na frente”, destacou. Mas onde fazer esse investimento: público ou privado? “Óbvio que algumas pessoas trouxeram a parte de INSS e previdência, mas se você pensa numa independência da sua aposentadoria você deve começar a fazer por conta própria”, disse.
A aposentadoria por conta própria é ao mesmo tempo poupar e investir. Para exemplificar como seria o investimento, Gontijo usou um exemplo de matemática simples. “Se hoje eu invisto R$ 1 mil todos os meses durante 30 anos a uma taxa de juro de rentabilidade de 0,8% ao mês, eu vou ter mais de R$ 2 milhões acumulados no final do período”, exemplificou.
O cálculo não considera a inflação e é apenas matemática simples. Assim, o economista explicou que se o mesmo valor investido fosse deixado num período de 10 anos pela mesma taxa, por exemplo, a renda ao final do período seria de R$ 200 mil. “Então, de fato, começar antes e com pouco pode fazer muito a diferença lá na frente, ainda mais para quem é jovem”, contou.
Como fazer o planejamento?
O INSS é um investimento que tem teto de R$ 8,5 mil e está suscetível às mudanças propostas pelo governo. Para Vitor Gontijo, essa instabilidade é o maior risco de depender apenas desse seguro para a aposentadoria. Mas para começar o projeto de planejador financeiro pessoal ele destaca três coisas importantes: reserva de emergência, investir para conquistas e plano de aposentadoria.
Portanto, o primeiro planejamento nem é a aposentadoria em si, mas obter uma reserva que cubra eventualidades. Só depois, mesmo que aos poucos, começa o investimento pensando na aposentadoria, porque há uma tendência de aumento da renda com o passar dos anos por causa das qualificações profissionais.
Vitor Gontijo aconselha sempre o acompanhamento profissional, mas para quem não consegue esse serviço, ele disse que já tem muitas informações boas disponíveis na internet sobre investimentos. O economista também recomenda que quem está começando não corra muitos riscos e comece pela renda fixa, que é um investimento sem muita volatilidade.
Gontijo compartilhou que por sua experiência acredita que a aposentadoria somente pelo INSS “não é uma boa ideia”. Assim, a recomendação do economista é que haja o investimento público e privado para fazer uma composição de renda na aposentadoria.
Dicas por faixa etária
Para as pessoas que estão começando no mercado de trabalho e tem idade na faixa dos 20 anos, não têm filhos e nem muitas despesas porque ainda moram com os pais, Vitor recomenda que utilize o respaldo maior e o custo de vida menor para investir.
“Vamos supor que recém-formada e ganhando um salário mínimo ou dois, por ter uma ajuda de custo de vida dos pais, ela vai conseguir investir um pouco mais. Se essa pessoa já mora sozinha, é totalmente independente, se ela conseguir se organizar e conseguir investir 5% da renda que ela tem, já é um início”, disse.
Para esse segundo caso, o economista disse que o início não é a aposentadoria, mas a reserva para antecipar possíveis demissões e também para oportunidades. Nesse caso, Gontijo apontou uma dica específica.
“Uma conta interessante a se fazer é pegar o custo de vida mensal da pessoa e multiplicar por três, por seis, e mirar aquele número. Um exemplo: o custo de vida da pessoa é R$ 1 mil por mês, tenta chegar em R$ 6 mil que vai te cobrir seis meses de custo de vida caso você tenha alguma emergência”, destacou.
A aposentadoria para essa pessoa faz parte de um horizonte de vida maior à medida que ela consegue aumentar a renda e que garanta o “colchão de segurança” que é a reserva de emergência. Esse plano de longo prazo muitas vezes inclui investir em qualificação profissional para consequentemente aumentar a renda e possibilitar o planejamento financeiro da aposentadoria.
Dica para quem tem filho
Vitor Gontijo também orientou as pessoas que estão numa faixa etária entre 30 e 40 anos, idade mais próxima de um amadurecimento profissional e que considera o contexto familiar, ou seja, se já tem ou não filhos, o que muda muita coisa.
“Um norte e aqui vou até falar um macete para vocês. Você pode pegar um número que é 0,5% e dividir pelo seu custo de vida atual. Você vai ver que vai dar um valor dependendo do seu custo de vida muito alto e talvez inimaginável de você alcançar. Mas esse 0,5% é o que a gente chama de juro real, é a diferença que eu consigo entre o investimento e a inflação”, explicou.
Essa diferença é um investimento de tempo em cima do que é um investimento. Gontijo justificou que investimos para multiplicar um dinheiro e para não perder o poder de compra com relação à inflação. A divisão do valor em cima da inflação chega num “número mágico” que pode gerar um patrimônio que por sua vez gera uma renda passiva no longo prazo.
“Aí eu vou traçar um planejamento de tempo. Vamos supor que eu tenho 35 anos e quero me aposentar com 70, então eu tenho mais 35 anos para investir e eu tenho que matematicamente ver que é uma rentabilidade de quanto eu vou chegar se eu aportar tanto por mês naquele número. Já é um norte”, afirmou.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de qualidade.
Leia mais: