Destemidas, fortes e batalhadoras, características de todas as mulheres que lutam por seus direitos arduamente em busca de igualdade e liberdade. O dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, e não é sobre chocolates e flores, e sim, sobre lutas, de todos os movimentos sociais das mulheres que existem para romper a sociedade patriarcal. Como diz a ícone Emmeline Parnkhurst (Meryl Streep), do filme “As Sufragistas”: “Nós não queremos quebrar as leis, nós queremos fazer as leis”.

Não podíamos votar, não podíamos sequer divorciar, ter CPF, quanto mais falar ou pertencer a sociedade como os homens. As conquistas das nossas antepassadas, e as lutas presentes em pleno século XXI, proporciona diversos espaços para as mulheres, que antes eram dominados por homens, como o mundo dos games. Se hoje temos representatividade feminina nos jogos digitais, foi graças a diversos movimentos feministas que abriram o caminho para nós existirmos no planeta. E, claro, as mulheres que mergulharam nos jogos digitais em busca do seu direito de atuar no meio.

Mas, você conhece a história da Carol Shaw? A primeira mulher a desenvolver um jogo eletrônico no mundo?

Mulheres também criam games!

Shaw em 1983, com um prêmio por meio milhão de cartuchos vendidos. Foto: Reprodução

Carol Shaw nasceu em 1955 em Palo Alto, Califórnia. Shaw é filha do meio de dois irmãos. Seu pai era engenheiro mecânico e trabalhava na Stanford Linear Accelerator Center ( laboratório de projetos energéticos para o governo) e sua mãe dona de casa.

Shaw passou a infância e a adolescência na região do Vale do Silício, local que abrigava muitas empresas conhecidas no mundo da tecnologia, e isso acabou influenciando-a. Era a irmã do meio de dois irmãos. Por conta da influência da família, Shaw despertou afinidade por construção e ferrovias. Carol, seus irmãos e seu pai, brincava com trens em miniaturas e criavam circuitos ferroviários.

Inclusive, as brincadeiras de mini ferrovia se tornou um projeto pessoal na faculdade de engenharia, mas Shaw largou o curso para focar na computação.

De acordo com a revista Vintage Computing, seu primeiro contato com o machismo, foi logo na infância. Shaw sofreu preconceito ao entrar na área de STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics).

Na adolescência, Carol teve seu primeiro contato com o primeiro jogo de Arcade lançado mundialmente, o Computer Space. Ela aproveitava o clube de minigolfe que seus pais frequentavam, e ia se entreter num espaço reservado para jogos.

Escola

O seu primeiro contato com o computador, foi na escola para escrever programas para as aulas de matemática. Shaw participou de diversas competições de matemática no ensino fundamental e ensino médio. Por ser uma das poucas mulheres a fazer parte da turma de exatas, em entrevista para a revista Vintage Computing, ela conta dos preconceitos que sofreu por ser mulher, ao participar da área de STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics)

“As pessoas diziam: ‘Nossa, você é boa em matemática para uma garota’ Isso era meio irritante. Por quê garotas não deveriam ser boas em matemática?”, ressalta Carol.

O programa computacional, era baseado no BASIC, e com isso, Carol descobriu que o programa também permitia criar jogos textuais,como Star Trek. A partir disso, ela se encantou ainda mais com o mundo da programação.

Ensino superior

Como a maioria dos estudantes, Carol não sabia qual curso superior iria fazer. Primeiro ela engressou na Faculdade de Letras e Ciências por conta das matérias na área de tecnologia. Entretanto, Shaw tinha uma forte influência da família na engenharia eletrica, já que desde nova criava mini ferrovias. Por essa razão, ela trocou o curso para Engenharia Civil. Mas ela não parou por ai, por conta do contato com o computador e as programações em algumas matérias, ela focou em software.

Em 1977, Carol decidiu fazer seu mestrado em Ciência da Computação. Após procurar emprego em diversas empresas durante seu ensino superior, finalmente, foi entrevistada pela Atari.

Atari

Em entrevista a revista Vintage Computing, Shaw conta os preconceitos que sofreu por ser mulher ao trabalhar com games, ainda mais que ela não havia produzido jogos antes.

“Uma vez, quando eu estava trabalhando no laboratório, Ray Kassar, o presidente da Atari, estava fazendo um tour pelo local e falou: ‘Nós temos uma mulher desenvolvedora de jogos. Ela pode fazer a combinação de cores e a decoração interior dos cartuchos’. E estes eram dois tópicos que eu não tinha interesse.”, lembra Shaw.

Na Atari, ela fez programação e design, em cinco jogos: Jogo da Velha 3d, Video Checkers, Polo, Othello e Super Breakout.

Activision

Carol foi trabalhar na Tandem, onde também, haviam outras mulheres e sua superior também era uma mulher. Nessa empresa, ela fazia a programação em Assembly, que são dispositivos para máquinas de grande porte. Após alguns meses depois, ela entrou para Activision, onde se tornou a primeira mulher no mundo a criar um jogo: River Raid.

Carol Shaw com o jogo River Rider.

O jogo River Raid foi inspirado em outro game, o Scramble. Naquela época, games ambientados no espaço chamava a atenção do público, e, claro, Shaw optou fazer um jogo similar. Entretanto, o cofundador da Activision, Al Miller, pediu que ela fizesse algo fora do normal. Com essa orientação, Carol pensou em um jogo de tiro, em uma tela na vertical, com uma rolagem. Para compor o cenário, colocou uma terra dividida por um rio ao meio. E para dar movimento, o jogador controlava o barco que estava no rio. Ao apresentar o novo jogo, Dave Crane, pediu que ela colocasse um jato, e assim fez.

O jogo foi um sucesso! Shaw ganhou placa de ouro, já que River Raid vendeu mais de 500 mil cópias. Depois ganhou uma placa platina por ter vendido um milhão de cópias.

Com informações da revista Vintage Computing.