Uma pesquisa realizada pelo Programa Atena revelou que apenas 19 entre as 27 unidades da Federação possuem programas específicos para a população LGBTI+. O dado aponta então para uma interrupção de políticas públicas regionais como direitos básicos de cidadania e justiça, nome social, e enfrentamento à violência. Os estados que possuem os índices mais baixos de políticas para essa população são Rondônia, Roraima, Tocantins, Acre, Alagoas, Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O levantamento do Programa Atena começou em 2021 e é feito pela Aliança Nacional LGBTI. Segundo a entidade, o objetivo da pesquisa é levantar as políticas públicas de promoção à cidadania LGBTI+ no Brasil. E então criar estratégias de participação social e diálogos com o poder público para reduzir as desigualdades sociais, que é a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8 da Agenda 2030 da ONU.

No mapeamento atual, o programa destacou que as legislações estaduais não possuem planos significativos sobre garantias individuais ou coletivas necessárias para o enfrentamento a violência contra a população LGBTI+. Assim, na escala de 1 a 5 do levantamento, o Rio de Janeiro foi o estado que mais apresentou políticas públicas para este público com 4,6 pontos.

Políticas públicas

A Secretária Nacional LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos, Symmy Larrat. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Além do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul (3,9), Espírito Santo (3,9) e Distrito Federal (3,7) foram as outras unidades da Federação que apresentaram boa média na realização dos programas. Mas na outra ponta ficaram Acre (2,1), Tocantins (2), Roraima (1,6) e Rondônia (1,6) com os menores índices de políticas públicas para a população  LGBTI+.

O Programa Atenas considera políticas públicas “tudo aquilo que tem a ver com a melhoria da qualidade de vida por meio de ações promovidas pelos governos com impostos arrecadados da própria população para avançar nos direitos e inclusão social”. Então, o projeto reúne diversas entidades que monitoram as políticas públicas para essa parcela da população. E os dados são coletados diretamente com os governos estaduais e distrito federal.

Em entrevista à Agência Brasil, a secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat avaliou os dados como uma falta de compromisso dos gestores públicos com o combate à discriminação e à violência. Além disso, Larrat reforçou a urgência de responsabilizar cada estados com uma regra nacional.

“A falta de uma normativa nacional, de uma política nacional, permite que cada ente faça do seu jeito. E aí, quem tem mais comprometimento faz um pouco mais. Nos estados, municípios e até mesmo no âmbito federal, ficamos à mercê da proximidade [do gestor responsável] com a pauta; de um bom senso”, afirmou.

Levantamento

Mapa
Políticas públicas LGBTI+ nos estados – Divulgação/Programa Atena

O levantamento do Programa Atenas apontou que apenas 52% dos estados têm leis para nome social de transexuais e travestis. E ainda que somente 51% prevê em lei penalidades administrativas relativas ao preconceito de sexo e orientação sexual.

Dentre todas as unidades da Federação, 29% vetam financiamento público a eventos culturais LGBTIfóbicos, mas somente 11% reconhecem as entidades no enfrentamento da LGBTIfobia de forma oficial. Já o documento de identidade social é adotado somente em 27% dos estados para transexuais e travestis.

“Esses dados nos surpreenderam. Nós já esperávamos uma queda no investimento e na manutenção das políticas públicas LGBTI+, mas não um apagão, em que 16 estados têm nota mínima em um dos pilares do tripé da cidadania LGBTI+”, destacou o coordenador do Programa Atena, Cláudio Nascimento.

Ranking dos estados

O Programa Atena avaliou cinco eixos: políticas matriciais, políticas setoriais, justiça e cidadania, sistema de controle, respostas via Lei de Acesso à Informação. Os eixos versam então sobre estrutura pública de gestão e participação comunitária, segurança pública e assistência social. Além da avaliação das legislações estaduais, dos serviços e das políticas específicas e de ouvir o que os estados.

A avaliação é para compor um ranking das políticas públicas que os estados estão promovendo para a população LGBTI+. Além disso, o Programa Atena também entrega o Prêmio Atenas de Políticas Públicas, como uma menção honrosa às unidades que se destacaram na implementação de programas no ano anterior. 

Paraíba recebe menção honrosa do Prêmio Atenas por políticas LGBTQIAPN+ (Foto: Foto: Secom/Paraíba)

Veja a posição:

 1° Rio de Janeiro: 4,4

2° Mato Grosso do Sul: 3,9

3° Espírito Santo: 3,9

4° Distrito Federal: 3,7

5° Ceará: 3,6

6° São Paulo: 3,5

7° Maranhão: 3,4

8° Piauí: 3,2

9° Pará: 3

10° Pernambuco: 2,9

11° Goiás: 2,9

12° Mato Grosso: 2,8

13° Sergipe: 2,7

14° Paraíba: 2,7

15° Minas Gerais: 2,6

16° Rio Grande do Norte: 2,6

17° Bahia: 2,6

18° Paraná: 2,5

19° Amapá: 2,4

20° Rio Grande do Sul: 2,3

21° Santa Catarina: 2,2

22° Amazonas: 2,2

23° Alagoas: 2,1

24° Acre: 2,1

25° Tocantins: 2

26° Roraima: 1,6

27° Rondônia: 1,6

*Com informações da Agência Brasil

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