Uma pesquisa em Goiânia está avaliando a conservação de quatorze lagos localizados em parques urbanos e áreas adjacentes. O estudo é conduzido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e visa aprofundar o conhecimento sobre a integridade ambiental desses corpos d’água e suas áreas ao redor. Os pesquisadores estão analisando a biodiversidade, a distribuição e o registro das espécies, bem como sua relação com a qualidade da água e o nível de urbanização.
A pesquisa, coordenada pela professora Jascieli Bortolini do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, tem como objetivo criar um banco de dados robusto para subsidiar o gerenciamento e a conservação dos lagos urbanos e suas áreas adjacentes. O estudo está sendo realizado em diferentes períodos hidrológicos para capturar as variações sazonais e suas influências na dinâmica dos ecossistemas e biodiversidade local.
“Pretendemos identificar as espécies e estudar a distribuição de diferentes tipos de organismos, como microalgas, pequenos animais aquáticos e plantas, nos lagos e nas suas áreas adjacentes. Vamos relacionar esses dados com o nível de urbanização e com a qualidade da água de cada lago. Com essas informações, criaremos um banco de dados capaz de fornecer aos gestores públicos ambientais ferramentas para a tomada de decisões sobre o gerenciamento, manejo e conservação dos lagos e áreas adjacentes”.
Locais de avaliação
Os lagos sendo avaliados estão situados nos seguintes parques de Goiânia: Parque Leolídio di Ramos Caiado, Parque Liberdade, Parque Beija Flor, Parque Balneário, Parque Cascavel, Parque Vaca Brava, Parque Areião, Parque Jardim Botânico, Parque Flamboyant, Parque Fonte Nova, Lago das Rosas, Bosque dos Buritis, Parque Nova Esperança e Parque João Carlos Fernandes de Oliveira.
O projeto, intitulado “Integridade Ambiental em Lagos Urbanos e em Áreas Adjacentes: A Biodiversidade como Ferramenta de Avaliação”, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e foi contemplado pelo edital 03/2022 – Programa de Auxílio à Pesquisa Científica e Tecnológica.
“O auxílio financeiro fornecido pela Fapeg garante que possamos conduzir pesquisas de campo, adquirir equipamentos e materiais necessários para análises, assegurando que todas as partes do estudo sejam cobertas com a devida atenção aos detalhes e qualidade científica”, declara a pesquisadora.
Ela ressalta ainda a formação de recursos humanos que a chamada proporciona. “Através do edital, abrimos oportunidades de formação e desenvolvimento para estudantes de graduação e pós-graduação, fortalecendo a capacidade de pesquisa na área de botânica e limnologia no estado de Goiás. Este investimento em recursos humanos é vital para garantir a continuidade e avanço da pesquisa científica no futuro e renderá muitos frutos para a sociedade”.
Para a professora, o apoio representa a oportunidade de realizar um trabalho de alta relevância e impacto, contribuindo significativamente para a conservação da biodiversidade dos lagos e parques urbanos da capital de Goiás.
“A chamada pública é mais do que um simples financiamento; é um catalisador para mudanças positivas e duradouras na forma como conduzimos e aplicamos a pesquisa científica. Estamos imensamente gratos por essa oportunidade e comprometidos em utilizar os recursos de forma responsável e eficiente para alcançar nossos objetivos de pesquisa e conservação”, afirma.
Benefícios dos lagos urbanos
A pesquisa não apenas contribuirá para a conservação e manejo dos lagos, mas também promoverá a conscientização pública através de programas educativos sobre a importância da conservação dos ecossistemas urbanos.
“Esse componente é essencial para promover uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade ambiental entre os cidadãos, considerando que parques e lagos são importantes provedores de benefícios ambientais, sociais e culturais para a população”.
Os lagos urbanos desempenham papéis cruciais na qualidade de vida da população, fornecendo serviços ecossistêmicos essenciais como pesca ecológica, irrigação, regulação do microclima, qualidade do ar, retenção de poluentes, e muito mais. No entanto, esses ambientes são altamente vulneráveis à urbanização e frequentemente enfrentam processos de degradação.
Cronograma e análise
O projeto, iniciado em maio de 2023, está previsto para ser concluído em maio de 2025. As amostras estão sendo analisadas em vários laboratórios especializados da UFG, incluindo o Laboratório de Ecologia, Taxonomia e Cultivo de Algas, o Laboratório de Ecologia Aquática, e outros. A professora Jascieli destaca que a qualidade da água dos lagos varia significativamente, refletindo o nível de urbanização das áreas ao redor.
“Até agora nós obtivemos resultados como a avaliação de parâmetros da qualidade da água dos lagos, análise de amostras de microalgas e do zooplâncton [pequenos animais], o levantamento da flora aquática de alguns lagos, identificação de galhas [estruturas formadas pelo ataque de insetos parasitas] associadas à flora e a relação de algumas plantas com o armazenamento de carboidratos em função da qualidade da água dos lagos”, descreve a professora.
Esses resultados são fundamentais para associar a integridade ambiental dos lagos urbanos com a biodiversidade presente. “Os dados iniciais já começaram a ser divulgados em congressos especializados das áreas de Limnologia e Botânica, despertando o interesse da comunidade científica nacional”, aponta.
Os resultados obtidos até agora revelam que os lagos urbanos de Goiânia e suas áreas adjacentes são verdadeiros redutos de biodiversidade. “Identificamos mais de 200 espécies de microalgas, mais de 70 espécies de pequenos animais aquáticos e cerca de 41 espécies de plantas aquáticas. Encontramos uma grande diversidade de morfotipos de galhas; algo ao redor de 90 amostras que ainda não estão totalmente identificadas. Acreditamos que esses números irão aumentar até a finalização do projeto”, explica a pesquisadora.
“Esses dados destacam a importância da preservação desses ecossistemas e de sua biodiversidade para a garantia do provimento dos benefícios que esses ambientes trazem para a população que frequentam os parques”.
*Com informações do Jornal da UFG
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis
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