Na COP-30, trigésima edição da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, o combate às desigualdades sociais vividas pelas populações da região amazônica estará entre os principais desafios. A declaração foi dada pelo professor Emiliano Lôbo, Doutor em Agronomia e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Em entrevista ao Tom Maior, o docente explicou que a região Norte ainda apresenta índices preocupantes em relação aos direitos básicos e fundamentais, como o saneamento básico, tratamento de lixo e acesso à educação por populações vulneráveis.

Contexto

A COP-30 irá acontecer em 2025, na capital do estado do Pará. Segundo especialistas, é uma ocasião importante para o posicionamento brasileiro frente ao futuro das condições climáticas e na proposta de medidas efetivas.

“O desafio de se fazer uma COP em uma cidade que tem grandes problemas ambientais e uma população com a linha abaixo da pobreza, nos remete a uma frase: o maior inimigo do meio-ambiente é a pobreza”, afirma Lôbo.

“Há uma necessidade de se debater em Belém como reverter esse quadro de pobreza no meio da floresta. Isso, eu acho que é o grande papel da Conferência de Belém em 2025”, reforça.

COP-28

No que se refere à edição mais recente da Conferência, sediada em Dubai durante a última semana de novembro até a próxima quarta-feira (13), o professor ressaltou durante a entrevista que ainda há um longo caminho entre as propostas e a construção de um plano de ação.

“Um acordo sem financiamento para países em desenvolvimento e para países pobres é a mesma coisa que não se fazer acordo”, aponta.

Além disso, ao refletir sobre as ações protagonizadas pelo Brasil, o professor explica que ainda há pontos que geram controvérsias, como a possível adesão ao grupo que forma a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

“O Brasil está caminhando no combustível fóssil, e o discurso é de uma transição energética. Há um distanciamento muito grande entre o falar e o fazer”, complementa Emiliano Lôbo.

Futuro

Em relação ao papel da agricultura, o professor aponta a necessidade de fortalecimento e ampliação de medidas já existentes. “Estem tecnologias muito sólidas para que se tenha uma agricultura mais sustentável”, afirma.

Dessa forma, segundo o docente, tecnologias como a metodologia de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), proposta pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), são alternativas viáveis.

Nesse sentido, a prática estimula a agrossilvicultura, o que permite o plantio de lavouras integradas, com reflorestamento e criação de gado. 

“Além disso, há necessidade de recuperação de pastagem e o próprio plantio direto. Então, o desafio da agricultura é manter cada vez mais a matéria orgânica no solo”, explica.

“A expectativa é que se fortaleça cada vez mais os instrumentos econômicos de ação ambiental. E se reconheça o papel da árvore em pé. O velho discurso de que uma árvore em pé tem que valer mais do que uma árvore deitada”, finaliza.

Assista a entrevista na íntegra

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 7 – Energia acessível e limpa e ODS 13 – Combate às alterações climáticas.

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