CÉZAR FEITOSA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
– O coração de d. Pedro 1º chegou a Brasília na manhã desta segunda-feira (22) para uma série de eventos em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil.

É a primeira vez que o órgão do imperador deixa Portugal em 187 anos. O transporte foi feito por uma aeronave VC-99 da FAB (Força Aérea Brasileira).

O presidente da Câmara Municipal de Porto, Rui Moreira, acompanhou o voo e participará das celebrações.

O coração foi levado ao Itamaraty na manhã desta segunda. Na terça (23), haverá cerimônias no Ministério de Relações Exteriores e no Palácio do Planalto para comemorar a chegada da relíquia.

O órgão está imerso em um vaso de vidro cheio de formol, que o tem conservado desde 1834. Ele voltará a Portugal em 8 de setembro.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que a chegada do coração de dom Pedro 1º é um símbolo da “irmandade” entre Portugal e Brasil e destacou a importância do imperador para o desenvolvimento da democracia brasileira.

“Nas pessoas dos descendentes de dom Pedro 1º, agradecemos àqueles que se dedicaram para construir as bases de um país forte e soberano, que tem na liberdade de seu povo, na democracia e na busca da prosperidade para todos os brasileiros a motivação para o caminho de desenvolvimento que o Brasil percorre desde 7 de setembro de 1822.”

O embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, disse que “a vinda do coração de dom Pedro é um dos pontos importantes para as autoridades brasileiras na comemoração do Bicentenário”. “Então, eu gostaria de situar nesse plano, da aproximação dos dos países”, completou.

Além das autoridades portuguesas, participaram da chegada do coração de dom Pedro 1º o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL), descendente da família real, a deputada Bia Kicis (PL) e os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Célio Faria (Secretaria de Governo), Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União) e Marcelo Queiroga (Saúde).

A decisão de Portugal de emprestar o coração de dom Pedro 1º para as celebrações no Brasil foi tomada sob críticas de intelectuais de ambos os países.

A vinda da relíquia também é cercada de receios de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) use as comemorações do Bicentenário da Independência para reforçar insinuações golpistas.

Há também preocupações envolvendo a conservação do coração. Para evitar problemas, o órgão foi transportado em dispositivo pressurizado e a visitação ficará restrita.

A Câmara Municipal de Porto encomendou uma perícia técnica no coração antes de enviá-lo ao Brasil. Há também um esquema de segurança montado para o retorno do órgão.

O imperador d. Pedro 1º foi responsável por declarar a Independência do Brasil. Seus restos mortais estão sepultados na cripta imperial, no Parque da Independência, em São Paulo, e o coração é preservado na capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Porto.