KLAUS RICHMOND
SANTOS, SP (FOLHAPRESS)
– O técnico Cuca, 59, assegura ainda não ter propostas para voltar ao futebol. Apontado nos últimos dias como potencial substituto do português Paulo Sousa no Flamengo -que sofre intensa pressão-, ele chamou de especulação e inverídica uma possível conversa para assumir o clube carioca.

“Eu tirei esse período para cuidar da família, cuidar das coisas e dar andamento a um projeto que tenho, um projeto social para crianças que está indo muito bem. Está em Brasília [a proposta do projeto] e para ser aprovado para darmos partida aqui, é algo que quero muito fazer”, disse à reportagem.

“Estou imbuído nisso [projeto social]. Claro que tem especulações [para voltar ao futebol], mas são só especulações. Não tem nada de verídico acima dessas especulações”, completou.

Em 2021, no Atlético Mineiro, Cuca venceu o Campeonato Brasileiro -título que a equipe não levava havia 50 anos-, a Copa do Brasil e o Campeonato Mineiro. Está sem clube desde o anúncio do fim da passagem pela agremiação de Belo Horizonte em 28 de dezembro.

Na ocasião, apontou à diretoria problemas familiares e informou a impossibilidade de continuar com o contrato até o fim de 2022.

O Atlético confirmou a versão explicando que tentou demovê-lo da ideia, buscando um caminho no qual fosse possível conciliar questões particulares com o trabalho, e disse que Cuca se comprometeu a não trabalhar em nenhum outro time em 2022.

A repercussão em torno de um acordo com o Flamengo ganhou ainda mais desdobramentos pelo recente vazamento de ameaças que teriam sido feitas pelo irmão mais novo do treinador, Amauri Stival, a um torcedor do clube nas redes sociais.

No conteúdo, ele é cobrado sobre o caso policial vivido por Cuca em 1987, enquanto jogador do Grêmio, em uma excursão do clube gaúcho a Berna, na Suíça. Ele e três companheiros de time -Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges- foram detidos e condenados por violência sexual a uma menor de 13 anos.

Cuca já jurou inocência publicamente ao lado da família, mas o caso ainda ecoa sempre que seu nome é cogitado em um novo clube. Para contratá-lo, o Atlético tratou o assunto como “superado”, dizendo acreditar em sua palavra.

Paulo Sousa, por sua vez, vive momento delicado no Flamengo. O risco de queda se intensificou após a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, diante de mais de 63 mil torcedores no Maracanã, em confronto no último domingo (5), válido pela nona rodada do Brasileiro.

As próximas partidas, diante de Red Bull Bragantino e Internacional, ambas fora de casa, são consideradas fundamentais para sua permanência.

O treinador comandou normalmente o treino de segunda (6), no Ninho do Urubu, sob olhares dos dirigentes Marcos Braz, Bruno Spindel, Fabinho e Juan.

Um dos maiores entraves para a quebra de acordo com Sousa, contratado no fim de dezembro após rescisão com a seleção polonesa, ainda é a multa estimada pelo número de salários até o fim da temporada: R$ 7,7 milhões. O acordo vai até dezembro de 2023.

Além da falta de resultados, minaram o técnico português declarações mal digeridas em entrevistas. Após a vitória por 3 a 0 sobre a Universidad Católica, pela Copa Libertadores, ele disse que, na véspera, o goleiro Diego Alves teria se reunido com Bruno Spindel para dizer que tinha condições de jogo. Fato negado pelo jogador, que estava em recuperação de lesão.

Mais recentemente, o treinador atribuiu a derrota para o Fortaleza a erros individuais cometidos pelos jogadores. O que não costuma ser bem recebido pelos atletas.

“O que aconteceu em termos técnicos individualmente foi algo sem precedente que não vai acontecer. Foi muito fraco individualmente”, desabafou logo após a partida.

Desde a saída de Jorge Jesus -que obteve cinco troféus em um ano-, em julho de 2020, o Flamengo teve quatro treinadores: Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e Paulo Sousa. Ceni foi quem permaneceu por mais tempo -oito meses e três títulos conquistados -, mas sucumbiu à pressão.

Cuca já treinou o Flamengo em duas oportunidades, a primeira delas em 2005 e a segunda em 2009. Foram 39 jogos -19 vitórias, 13 empates e sete derrotas-, com a conquista de um Campeonato Carioca.