Os convidados deste Debate Super Sábado (13): Patricia Margon (IFG), Horácio Ferreira (SMT), Fernanda Mendonça (CAU-GO) e Eduardo Gomes (Sindilojas) (Fotos: Jéssica Dias/Sagres On)

 

O projeto de lei ainda nem foi elaborado ainda, mas já é polêmico. A prefeitura de Goiânia pretende propor em breve o escalonamento de horários de empresas públicas e privadas como medida para tentar desafogar o trânsito na capital. 

A medida foi um dos temas da campanha do prefeito Iris Rezende em 2016 e retomada neste ano. Os horários de funcionamento do comércio, escolas, e demais estabelecimentos, em diferentes regiões da capital, poderia sofrer alterações. O assunto foi discutido nesta manhã no Debate Super Sábado (13), da Sagres 730. 

O diretor de Educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT), Horácio Ferreira, afirma que, caso a proposta avance, as mudanças precisariam ser feitas de forma gradativa. 

“Não temos condições de mudar a rotina do cidadão da noite para o dia, principalmente quando falamos em escolas e trabalho, porque são dois setores que estão intimamente relacionados. São pessoas que levam as crianças para a escola e vão para o trabalho. Então isso precisa ser medido com muito cuidado, para que a gente não venha a causar um transtorno para a população”, defende. 

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista No Estado de Goiás (Sindilojas-GO), Eduardo Gomes, disse que conversou rapidamente com o prefeito Iris Rezende durante a apresentação das obras de construção da trincheira do BRT na Rua 90. Segundo Gomes, comerciantes e empresários têm feito ressalvas em relação à proposta de escalonamento, e defende a flexibilização dos horários de abertura e fechamento das lojas. 

“As empresas, de um modo geral, veem isso com uma certa preocupação. Nós não queremos nada que seja imposto. Deveria ser criado um horário das 7h às 21h, por exemplo, e cada empresa escolher. Tem empresário que abre 7h30, 8h da manhã, mas os primeiros clientes começam a chegar entre 9h e 10h. A minha sugestão é que dê uma certa liberdade para o empresário de acordo com o ramo”, argumenta. 

A Conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) Fernanda Mendonça questiona se a proposta realmente resolveria a questão do trânsito na capital, e diz que já existe um escalonamento de horário, principalmente em relação às escolas, mas não do serviço público. 

“As escolas normalmente têm início das 7h às 7h30, o comércio às 8h, o setor bancário às 10h, shoppings às 10h. Então, esse escalonamento de horário só não existe entre o setor público. O que eu percebo que estão tentando fazer é diluir esse pico de horário em um tempo maior, o que não resolve um problema de trânsito, porque trânsito não se resolve com medidas paliativas. A cidade que tem o melhor sistema de transporte coletivo do mundo, Londres, tem problema de trânsito. Paris tem o melhor sistema de metrô do mundo, tem problema de trânsito”, exemplifica. 

Patrícia Margon, doutora em Transportes e professora do curso de Engenharia de Transportes do Instituto Federal de Goiás (IFG), defende a criação de um plano de mobilidade. “O que falta é gestão. Eu preciso de um plano de mobilidade. Ele vai diagnosticar a cidade, vai levantar os dados da cidade, vai conhecer e ouvir a população. A medida não pode vir da ideia do prefeito, que ele acha que aquilo funciona. Não estou falando exatamente desta prefeitura, mas de todas. A medida é um grande “não sei”, está tudo seccionado. O horizonte de um plano de mobilidade de um plano diretor é grande. Onde está minha base de dados, em vez de eu estar aí chutando soluções?”, questiona.

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