O Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 apresentado pelo governo nesta semana prevê quatro grupos prioritários que somam 50 milhões de pessoas. Na primeira fase serão vacinados os trabalhadores da saúde, as pessoas com 80 anos ou mais, pessoas de 75 a 79 anos e também os indígenas que tenham idade acima de 18 anos. Já a fase 2 é formada por pessoas de 70 a 74 anos, de 65 a 69 anos e as de 60 a 64 anos.

Na terceira fase, serão vacinadas pessoas acima dos 18 anos que possuam hipertensão de difícil controle, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, entre outras comorbidades.

Na fase 4, será a vez dos professores, forças de segurança e salvamento além dos funcionários do sistema prisional. E para falar desse assunto, participaram do Debate Super Sábado #223 de hoje (19) a professora titular em Imunologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ana Paula Junqueira, a imunologista e alergista do Hospital Materno Infantil (HMI), Lorena Diniz, e também a advogada, Ana Lúcia Amorim.

Para a advogada Ana Lúcia Amorim, o Brasil é exemplo quando se trata de vacinação, mas em relação à vacina contra a Covid-19, ela considera que o Brasil deixa a desejar. “Nós estamos muito atrasados na compra dessas vacinas, na autorização dessas vacinas, tanto é que o plano deixou de fora pessoas que já deveriam ser imunizadas, como os profissionais da educação”, afirma, uma vez que estes profissionais só deverão receber as doses na quarta fase do plano.

Para a professora titular em Imunologia da UFG, Ana Paula Junqueira, “o ideal é que se tenha a possibilidade de usar diferentes vacinas, cada uma para um grupo de pessoas, prioritárias”, já que “cada vacina tem uma característica de indução de resposta imunológica que foi testada ou não, por exemplo, em idosos, em gestantes, em pessoas com comorbidades. Só algumas dessas vacinas que você já tem certeza da segurança nesses grupos vulneráveis”, avalia.

Duas doses, fabricantes diferentes

O Brasil já tem contratos para aquisição de vacinas firmados com a Astrazeneca/Oxford, a Covax Facility, a Pfizer/BioNTech, a Janssen, e pediu informações adicionais sobre a CoronaVac, Bharat Biotech, Moderna e a russa Sputnik. Os brasileiros terão que tomar duas doses do imunizante contra a Covid. Por isso, outra preocupação é se haverá eficácia da vacina caso a primeira dose seja de um fabricante diferente da segunda, como aponta Lorena Diniz.

“A pessoa toma a primeira dose com uma vacina e pela questão da dificuldade de produção, na hora da segunda dose toma inadvertidamente a vacina de um outro fabricante. A gente não pode garantir a eficácia dos estudos, porque quando eles são realizados são feitos com a aplicação da mesma vacina com uma ou duas doses. Quando a gente mistura fabricantes, não consegue garantir a eficácia. Pode até ser que ela exista, mas a gente não sabe”, alerta.

Obrigatoriedade da vacina

Ana Lúcia Amorim destacou ainda o projeto de lei que veda a vacina obrigatória, aprovado em segunda votação na Assembleia Legislativa de Goiás, de autoria do deputado estadual Delegado Humberto Teófilo (PSL).

“É um projeto inconstitucional e ilegal, principalmente porque essa semana foi confirmado pelo Supremo Tribunal Federal a obrigatoriedade da vacina”, pontua. “O que a gente tem que entender é que vacina obrigatória não é sinônimo de vacinação forçada”, acrescenta.

Como exemplo, Ana Lúcia cita o voto obrigatório no Brasil, em que existem penalidades para a pessoa que decide não votar, seja por meio de multas ou mesmo restrições de direitos como concorrer a cargo em concurso público. Segundo ela, a vacinação obrigatória também poderá se enquadrar nessas circunstâncias.

Emily Fernandes é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceira com o IPHAC e com a Faculdade Sul-Americana (FASAM), sob supervisão do jornalista Johann Germano.