Neste 12 de junho é comemorado o Dia dos Namorados. A data não é apenas de comemorações, mas também, de alerta. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 3 a cada 5 das mulheres entrevistadas sofreram ou sofrem com relacionamento afetivo.

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Neste Debate Super Sábado (12), as relações abusivas, sejam elas física, como agressões; psicológica, quando há dano emocional; patrimonial, com a privação de bens, valores e documentos pessoais; sexual, em qualquer tipo de relação não consensual; moral, em caso de calúnia e difamação, foram debatidas com a defensora Pública e Especialista em Direito Penal Direito Processual, Direito Público Material e Direito das Mulheres Gabriela Hamdan, o psicólogo e professor Rogério Lourenço de Moraes e o vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Goiás, psicóloga social, clínica e jurídica Christiane Ramos Rocha.

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O abuso pode ser velado mas é possível identificar ações de um possível abusador. A psicóloga Christiane Ramos explica algumas ações que acometem a quem vive um relacionamento abusivo.

“Com essas pequenas proibições, elas vão aumentando, então é importante sempre notar no relacionamento a sua capacidade de ter sua individualidade ali no relacionamento a dois. De ter seu momento sozinha, das suas amizades, contato com a sua família, sendo com seu parceiro ou sem seu parceiro. Que o relacionamento venha a ser um relacionamento a mais, uma outra forma a mais de se relacionar. Esses sinais são mais discretos a principio, na medida que ele avança ele se torna mais restritivo, como uma saída por exemplo, contato com quaisquer pessoas com a família, afastamento da família e isso vai ficando cada vez mais acentuado”.

Christiane Ramos orienta que as pessoas que tiverem contato com a vítima, ajudem aconselhando e mostrando os atos do abuso. ” Eu preferia afastar daquele amigo, para não dar problema. Preferi não ir na casa da minha mãe para evitar esse tipo de discussão. Mas será que isso é um desejo seu?”, questiona.

O professor e psicólogo Rogério Moraes afirma que a pessoa que está na condição de abusador não reconhece essa posição e muitas vezes a própria vítima demora a perceber o abuso. “Na prática infelizmente o ciclo, o adoecimento, ele só acontece porque as pessoas não se reconhecem dentro dele”, explica.

Cristiane Rocha, Gabriela Hamdan e Rogério Moraes no Debate Super Sábado (Foto: Sagres TV)

Cristiane Rocha afirma que nunca é tarde para reconhecer que a vítima se submete a um relacionamento abusivo. ” Nem sempre é difícil o reconhecimento. A pessoa reconhece para o companheiro, para parceira ‘olha não é legal, não deveria ter feito isso’, e continua o abuso. Por que o relacionamento precisa controlar o outro? Aquilo do que o outro deseja, de onde vai, o que veste, com quem fala? Isso antecede uma trégua que depois vai ser repetida ali novas situações de violência. Aquele ciclo não termina e pode se agravar”, ressalta.

A defensora pública e coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de Goiás (Nudem/DPE-GO), Gabriela Hamdan, esclarece em que momento a situação fica mais séria em um relacionamento considerado abusivo.

“O correto seria ela pedir ajuda quando começou, no inicio do ciclo. Se tiver condição, conversar com uma psicóloga, com amigos, o ideal seria interromper esse relacionamento antes que partisse para agressões mais incisivas. Mas elas não interrompem. Nós mulheres acreditamos que vamos mudar o homem, que é só não olhar para o lado que ele não vai brigar mais, é só mudar de roupa que ele não vai achar ruim. O ideal seria sair do relacionamento abusivo, e ela observar quando passa a ser uma ameaça mais pesada e não só quando concretizam. Muitas vezes elas não compreendem bem, mas a partir daí começar a buscar ajuda. Acho importante dizer isso a vocês, que após elas buscarem ajuda nesse sentido, elas às vezes são acionadas pela Polícia Militar ou elas, no contexto, foram na delegacia fazer o boletim de ocorrência e dias depois elas retiram o processo. E falam ‘foi só um empurrão’ ou ‘ele só faz isso por que está bêbado'”, afirma Gabriela.

Mas o que pode ser compreendido como um relacionamento saudável? Para o psicólogo e professor Rogério Lourenço, tudo começa pelo respeito e pela condição de se colocar no lugar do outro. “Respeitar a pessoa de acordo com a necessidade dela, e não com as minhas, com meus caprichos”, conclui.

Ananda Leonel é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com IPHAC e a Faculdade UniAraguaia, sob supervisão do jornalista Johann Germano