O próximo 12 de junho será o segundo Dia dos Namorados durante a pandemia de Covid-19. A data celebra união e amor entre os apaixonados. No entanto, por causa do isolamento social, vítimas de violência doméstica ficaram mais vulneráveis, e pouco se discute sobre este problema nesta época do ano.

A campanha “Amor não é abusivo” lançada pela Opyt, provedor de internet de Goiás que atende 12 cidades e tem sede em Inhumas, é uma ação diferente para este Dia dos Namorados. A ideia é deixar de lado o romantismo para trazer à tona uma discussão saudável sobre relacionamentos tóxicos ou abusivos e, claro, suas consequências.

Com a produção de um vídeo, a empresa quer mostrar seis situações toxicas na relação. A companhia ainda vai oferecer um tratamento psicológico on-line por quatro semanas para uma vítima deste tipo de relacionamento. A campanha de conscientização no formato digital vai até o dia 12 de junho.

Em entrevista ao Sagres em Tom Maior #283, o psicólogo João Vitor Bueno, explica que quando existe a agressão física, possivelmente outros abusos já aconteceram e as pessoas em torno do casal não perceberam.

Confira a seguir na Sagres TV

“A ideia aqui é levantar essa bandeira, de que existem outros tipos de abusos também que são tão agressivos quanto o físico em si. O abuso psicológico, sexual, tecnológico, patrimonial. São outros tipos de abusos que podem existir dentro do relacionamento que podem causar sofrimento tanto quanto o abuso físico”, afirma.

A violência física, inclusive, é a última de uma lista que aponta outros tipos de abusos no relacionamento (veja a seguir). O que por muitos é considerado ‘mimimi’, é na verdade, um tipo de abuso. A também psicóloga Lorrany de Oliveira explica que o mesmo não se aplica na mesma proporção a homens e mulheres.

“Os homens não são questionados sobre qual roupa estão vestindo, se estão com camiseta cavada ou não, e a mulher já é questionada se está de decote ou não. O que a gente queria que não vissem como ‘mimimi’ é que ao usar esse tipo de roupa, ao se comportar de certa forma, não significa que a gente está dando abertura para algumas falas ou conotação sexual, mas apenas uma escolha que a mulher fez. Os homens não são questionados nisso, e a mulher é”, exemplifica.

Os psicólogos Lorrany de Oliveira e João Vitor Bueno no STM #283 com Vinícius Tondolo (Foto: Sagres TV)

Confira a seguir 15 principais sinais de uma relação abusiva, de acordo com o site azmina.com.br. Se algum deles está presente na sua relação, é preciso pedir ajuda. Basta ligar para o 180, a Central de Atendimento à Mulher, que funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia, ou procure uma Delegacia da Mulher.

1. CIÚME EXCESSIVO

Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo. 

2. CONTROLE

“Porque eu te amo demais” ou “é para o seu bem” são frases comuns usadas pelo abusador para controlar a outra pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, quais atividades fazer e até, em casos mais extremos, que trabalhos a outra pessoa pode ou não ter.

3. INVASÃO DE PRIVACIDADE

Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade. Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração de falta de confiança.

4. AFASTAMENTO DE OUTRAS PESSOAS

As justificativas podem ser muitas: fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela pessoa, aquela outra me trata mal. O fato é que ele vai exigindo que a companheira se afaste das pessoas mais próximas. A psicóloga Vanessa explica que “o objetivo é que você passe a depender somente dele”.

5. CHANTAGEM

A manipulação é uma ferramenta central no relacionamento abusivo. Se a parceira não aceita de forma pacífica do que é cobrada, o abusador costuma, então, usar de chantagem para conseguir o que quer. Seja dizendo que vai ficar doente ou vai se matar se a companheira não fizer algo, seja ameaçando terminar o relacionamento. A chave é saber o que mexe com a parceira e usar disso para manipulá-la.

6. DESTRUIÇÃO DA AUTOESTIMA

Se no começo da relação a pessoa era incrível para a outra, aos poucos isso vai mudando. A mudança começam com “críticas construtivas”, que vão se tornando cada vez mais comuns e pesadas. Sem perceber, a vítima vai perdendo a autoestima até o ponto de achar que é alguém tão ruim que nenhuma outra pessoa vai amá-la se essa relação terminar.

7. INVALIDAÇÃO DE SENTIMENTOS

A parte abusadora da relação vai dizer que aquilo que o outro sente é besteira ou não é nada. “Toda vez que você invalida o sentimento, você condiciona a pessoa a não falar nada e a achar que o que sente é bobagem”, explica Vanessa. Assim, o medo, a dor e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no relacionamento abusivo, mesmo infeliz.

8. FALTA DE DIÁLOGO SOBRE DINHEIRO

Não é fácil conversar sobre dinheiro. Mas a falta de diálogo abre espaço para que uma das partes da relação abuse financeiramente da outra. Por exemplo, se a mulher para de trabalhar para cuidar dos filhos, a dinâmica financeira da família precisa ser combinada antes. Assim, ela vai ter condições de sair da relação se precisar. No relacionamento abusivo, a falta de diálogo é usada para levar o outro à dependência econômica.

9. CONTROLE FINANCEIRO

É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Quando uma tem que pedir dinheiro para tudo, passa a existir espaço para que a outra pessoa negue e, assim, decida o que a companheira pode ou não fazer.

10. USO DO DINHEIRO SEM ACORDO CONJUNTO

Dentro de um relacionamento, a forma como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo. Os recursos são dos dois? Quem decide quanto gastar ou quanto poupar? São questões respondidas em conjunto. No entanto, nas relações abusivas pode acontecer de uma das pessoas fazer compras ou investimentos com o dinheiro do casal sem consultar o outro. O resultado é que o  outro pode ficar sem recursos e nem saber. 

11. PEGAR, ROUBAR OU DESTRUIR ITENS DO OUTRO

Quando a relação abusiva evolui, pode chegar ao ponto da pessoa esconder ou quebrar os pertences da outra como forma de controle. São comuns os casos em que o abusador esconde os documentos da outra pessoa ou quebra objetos pessoais durante  acessos de raiva.

12. USAR OS FILHOS EM CHANTAGENS

Quando o casal tem filhos, as coisas ficam mais complicadas. No relacionamento abusivo, a pessoa usa os filhos como ferramenta de chantagem. Ao invés de se preocupar com o bem estar das crianças, é comum que o abusador as use como chantagem para conseguir o que quer.

13. EXIGIR RELAÇÃO SEXUAL

O estupro dentro de relacionamentos não é raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso.

14. AMEAÇAS

Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. “A fala de que ‘cão que late não morde’ é muito perigosa. No caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício de que a violência física vai chegar a acontecer. Elas são sinal de que o agressor está criando coragem”, explica Vanessa.

15. VIOLÊNCIA FÍSICA

Ela também é gradual. Começa com empurrões ou apertões e vai crescendo com o passar do tempo. Em casos extremos, a violência chega ao ponto do assassinato.