Nesta edição [#249] do Debate Super Sábado, o tema foi violência nas favelas. A modelo negra Kathlen Romeu, de 24 anos e grávida de 14 semanas, morreu na última semana após ser atingida por um tiro de fuzil no tórax durante um confronto entre policiais e criminosos na comunidade do Lins de Vasconcelos, na Zonta Norte do Rio. Familiares afirmam que o disparo partiu da Polícia Militar.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado houve um aumento de 7% no índice de assassinatos causados por forças de segurança. Na avaliação de pesquisadores, a desigualdade social e a discriminação racial são os principais fatores que contribuem para que a sociedade não se importe com as mortes em decorrência dessas operações em favelas.

Para falar sobre o tema, a Sagres contou com a presença da coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), Ieda Leal, o defensor público e coordenador do Núcleo Especializado de Direitos Humano, Philipe Arapian, e o advogado e diretor da Escola de Direitos Humanos, José Eduardo Barbieri.

Assista o debate dentro do Sagres Sinal Aberto – Edição de Sábado

Para Ieda Leal, é um grande erro de qualquer gestor tratar qualquer espaço da cidade de forma discriminatória.

“É erro histórico, sociológico, desumano. Os espaços precisam ser melhor humanizados e urbanizados. Os gestores precisam pensar que a gente pode morar em vários espaços”, avaliou.

Na opinião de Philipe Arapian, debater o tema é necessário, sobretudo no Brasil. “O fórum de Segurança Pública há muitos anos traz pesquisas na área. Já vi números sobre mortes de civis pela polícia e são dados muito interessante como, por exemplo, de policiais que já mataram e outros que nunca atiraram”, salientou.

Segundo José Eduardo Barbieri, os dados apenas retratam a nossa realidade atual. “Em junho de 2021, quer dizer, no século XXI, estamos tão próximos do que vivemos na época da escravidão, comprovando mais ainda que, embora tenhamos umas legislação sobre as condutas antidiscriminatórias, é cultural a utilização da força sobre a pessoa preta”, criticou.

Junior Kamenach é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com IPHAC e a Faculdade UniAraguaia, sob supervisão do jornalista Denys de Freitas.