O Movimento Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB) revelou, no último dia 23 de abril, resultados significativos do estudo “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”, conduzido pela LCA Consultores e MTempo Capital.

Este estudo inovador explora o potencial do Brasil para liderar a transição para um setor de transporte com emissões reduzidas, destacando o papel crucial das soluções limpas e das tecnologias renováveis emergentes. Além disso, destaca o impacto socioeconômico da transição energética.

“O levantamento não pretende indicar rotas ‘vencedoras’, respeita as estratégias das empresas e as preferências dos consumidores e almeja que todas as alternativas de descarbonização da mobilidade sejam competitivas e possam conciliar sustentabilidade ambiental, social e econômica”, assinala o professor Luciano Coutinho, sócio da MTempo Capital.

Fonte: Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade

GEE

Ao considerar três cenários de eletrificação veicular, incluindo um cenário de controle e dois cenários de convergência global para veículos híbridos e elétricos puros, a pesquisa fornece uma visão clara das possíveis trajetórias de eletrificação e seus efeitos nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e na economia.

Uma análise comparativa revela a urgência de descarbonizar os veículos pesados, responsáveis por uma parcela significativa das emissões, enquanto os veículos leves, predominantemente abastecidos com etanol, já adotam tecnologias de baixo carbono.

Para enfrentar esse desafio, é essencial promover tecnologias alternativas, como veículos elétricos para curtas distâncias e motores de baixa emissão para caminhões mais pesados. Políticas públicas direcionadas à renovação da frota e à promoção de tecnologias limpas são cruciais para mitigar os impactos ambientais do setor de transporte.

“Este é um passo crucial em direção a uma mobilidade sustentável e inovadora para o Brasil. Estamos empenhados em impulsionar a transição para tecnologias de baixo carbono, protegendo o meio ambiente e fomentando o emprego e a renda”, destaca Aroaldo Oliveira da Silva, Presidente da IndustriALL-Brasil e membro do Conselho do MBCB.

Ciclo de vida

Além disso, o estudo destaca a importância de considerar o ciclo de vida completo dos veículos ao avaliar as emissões de carbono, recomendando a adoção de medidas mais abrangentes, como o ciclo “berço ao túmulo”. Sob essa perspectiva, os veículos híbridos surgem como uma solução ambientalmente favorável, especialmente quando alimentados com etanol.

Fonte: Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade

“Os resultados do estudo indicam que o cenário com predominância de veículos híbridos, além de propiciar redução das emissões de gases de efeito estufa, tende a impulsionar a economia brasileira e promover a criação de empregos de forma mais dinâmica, em comparação com os demais cenários, pois se preservam os elos da cadeia produtiva e se acrescentam novas tecnologias”, diz Coutinho.

O estudo encomendado pelo MBCB indica que os veículos híbridos oferecem benefícios econômicos significativos para o Brasil, superando os elétricos em termos de produção, PIB, empregos e impostos gerados.

“Não há sinais claros de que o Brasil possa ser receptor de investimentos para a produção local de células de bateria, o ‘coração’ dos veículos elétricos e componente de maior valor adicionado; a falta de escala e ausência de incentivos, relativamente ao que existe em diversos países desenvolvidos, são fatores que afastam do país estes investimentos a curto e médio prazos. A dificuldade em definir qual rota tecnológica se mostrará mais competitiva para as baterias, em momento de grandes inovações disruptivas, também atrapalha decisões de investimento fora dos grandes centros globais de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, ressalta Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores.

Apesar dos desafios, o Brasil possui vantagens competitivas para liderar a descarbonização do transporte, graças às suas matrizes energética e elétrica limpas e ao seu histórico na produção de biocombustíveis. Ao combinar conhecimentos em biocombustíveis com avanços na eletrificação e no uso de hidrogênio, o país se posiciona como um centro global no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono.

“O Brasil tem vocação para ocupar a vanguarda da descarbonização mundial, algo que já vem acontecendo desde a década de 1970 com a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool). Para continuar nessa trilha basta combinar esforços e investimentos em tecnologia, produção própria e capacitação de pessoas, garantindo empregos e gerando renda”, afirma Evandro Gussi, CEO e presidente da UNICA e membro do Conselho do MBCB.“O país é hoje um dos maiores protagonistas globais da mobilidade sustentável, por conta do uso de biocombustíveis como etanol, biodiesel e biometano. A combinação de biocombustíveis com eletrificação amplia o resultado de descarbonização e serve como referência para outros países que buscam soluções de baixo carbono”, observa Roberto Braun, Diretor de Relações Públicas e Comunicação Corporativa da Toyota e membro do Conselho do MBCB.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 07 – Energia Limpa e Acessível

Leia também: