A conta de energia elétrica dos brasileiros deve ficar ainda mais cara neste ano. Ao longo de 2021, a população também sentiu no bolso os impactos da crise hídrica, que refletiram em consecutivos aumentos nas tarifas. Há meses as distribuidoras de energia realizam a cobrança a partir da bandeira vermelha, sem previsão de baixa.

Ainda que tenha havido fortes chuvas nos últimos dias, a crise hídrica permanecerá deixando efeitos em 2022. Atualmente, as usinas funcionam com apenas 63% de sua capacidade instalada pelo Sistema Interligado Nacional. Isso significa dizer que o custo para a geração da energia se mantém caro.

Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas da Secretaria de Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável, André Amorim, apesar da intensidade, as chuvas ainda estão abaixo da média. “Apesar da incidência de fortes chuvas em dezembro e nesta primeira quinzena de janeiro, os reservatórios que se encontram no estado de Goiás ainda permanecem com o seu nível, volume, em estado preocupante”, afirmou.

Conforme André, a irregularidade das chuvas faz com que a água não chegue na região que deveria. “Então chove muito em algumas regiões aonde não contribui de maneira efetiva para a recuperação desses reservatórios. Ao longo dos últimos anos esses reservatórios de acumulação de água para geração de energia elétrica vem sempre ficando sempre abaixo das médias” explicou o gerente.

Ouça o debate na íntegra:

Para o CEO do Grupo Sigma Engenharia e Diretor Regional da ABGD Associação Brasileira de Geração Distribuída Carlos Cunha, o Professor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG (EMC/UFG) Enes Gonçalves Marra e o Diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina) Roberto D’Araujo.

Para o CEO do Grupo Sigma Engenharia e Diretor Regional da ABGD Associação Brasileira de Geração Distribuída, Carlos Cunha, ainda existe no Brasil uma situação de seca e, em função dessa falta de recomposição dos reservatórios, a bandeira vermelha continua para ajudar de custeio.

“O sistema nacional avalia todo esse armazenamento de energia e define por uma questão de ordem, de custo, quais são as usinas que serão colocadas em funcionamento, gasta essa água, mas chega a um determinado ponto que eles resolve não gastar mais a água para gerar energia, e preferem armazenar. Daí acionam as térmicas. Esse é o problema das bandeiras, que são justamente uma ajuda de custo para manter essas térmicas em funcionamento”, destacou Carlos Cunha.

O professor da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação da UFG (EMC/UFG), Enes Gonçalves Marra, é fundamental que sejam implementadas ações para recomposição dos reservatórios, pelo menos, nos próximos cinco anos.

“Se começou a chover agora, tem que pensar nos próximos cinco anos, pensar em apertar o cinto, que significa recompor os reservatórios. A maior parte das reservas que estão interligadas no sistema brasileiro se localiza na região Sudeste e Centro-Oeste e esses reservatórios estão com 40% da sua capacidade. O ideal é que estivessem com 70% da capacidade total”, reforçou Enes Marra.

Sobre as outras fontes de energia limpa produzidas no país, como eólica e solar, o diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’Araujo, explicou que 2,5% do total são oriundos da solar 10%, eólica.

“O que não está variado ainda é o papel das eólicas e da solar. A solar vai ter um papel muito importante por duas questões: alguém está guardando mais água ou alguém pode desligar um pouco das térmicas. Não existe desse negócio que a solar vai parar de repente, isso é um problema elétrico local, em termos de conjunto, tanto as duas fontes, eólica e solar, vão ajudar o sistema. Aposto que a única saída que temos é essa”, argumentou.

Assista ao debate dentro do Sagres Sinal Aberto – Edição de Sábado, à partir de 1:27:26