De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiânia possui população estimada em cerca de 1.555.626 pessoas, mas por trás destes números, estão os invisíveis para a sociedade e Prefeitura da capital. São os moradores de rua, identificados pela Prefeitura apenas em 2019. Desde então, não há mais dados sobre quantos são e por onde estão. O apagão de dados da Prefeitura de Goiânia se deve ao fato de que o último censo registrado na capital foi realizado em 2019, intitulado como No Olho da Rua. Desde então, a pandemia chegou e agravou ainda mais um cenário que já era crítico. Um novo estudo está sendo planejado, mas sem data publicada.

Basta uma volta pela cidade para ver pessoas morando debaixo de pontes, viadutos e praças. Para o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Djaci David de Oliveira, é preciso entender o contexto em que cada um está inserido e não analisar de forma simplista.

“A gente precisa saber quem é que está agora nas ruas, quem está usando este espaço. Nós temos aqueles que não tem absolutamente nenhuma possibilidade de ir para as ruas e voltar no final do dia para um casa. A gente tem aqueles que tem uma moradia, mas precisam ficar recolhendo material reciclável nas ruas. E a gente tem outras infinidades de situações, de pessoas que estão chegando agora em busca de tratamento médico, mas não tem recursos para ficar em nenhum lugar. A gente tem pessoas que estão buscando refúgio. Nós estamos com pessoas que tem problemas mentais e não tem assistência’, afirma o professor.

Segundo o professor, não identificar quem são e por que estão ali, agrava ainda mais o apagão de dados da Prefeitura de Goiânia. O último censo registrado na capital foi realizado em 2019, intitulado como No Olho da Rua. Desde então, a pandemia chegou e agravou ainda mais um cenário que já era crítico. Um novo estudo está sendo planejado, mas sem data publicada.

“A gente precisa de um novo levantamento. Isso está previsto no plano municipal para população em situação de rua, já aprovado há cerca de 4 anos atrás e prevê estes levantamenos regulares porque a cada ano a situação muda”, afirma o professor.

Djaci Oliveira destacou ainda que outro problema grave é a falta de acesso a educação. Mas fatores como ter onde morar é o início para conseguir aprender. Ressalta que não adianta o acesso ao estudo, se você não tem para onde levar os livros que lhe ensinam. Partindo deste ponto, é necessário um amplo investimento na estrutura como um todo e não análises simplistas da situação.

“Boa parte das pessoas que estão nas ruas não tem se quer o ensino fundamental completo. Para poder conseguir ter um emprego melhor , ela precisa voltar para a escola, fazer o ensino médio e pensar em outras possibilidades, como o ensino superior, de forma que ela tenha uma profissão segura, e que lhe dê condições seguras dela entrar no mercado de trabalho . Se não conseguir, ela tem condições de encontrar outra. Então, moradia é o mais garantido para que a gente possa viabilizar outras coisas que estão na cultura.”

E a falta de dados não é só em Goiânia. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), o último censo que registrou os moradores em situação de rua são de 2020, antes da pandemia. A última informação que se tem é que 221 mil brasileiros vivem em situação de rua em todo o país.

Foto: Pexels.com – Na imagem é possível ver 6 mãos com as palmas abertas.

Fátima de Deus, dirigente do Centro Espírita Amor e Luz, instituição que presta apoio e ajuda para moradores em situação de rua, afirma que o trabalho de acolher um a um é um grande desafio, mas gratificante.

É um trabalho de formiguinha, de gotas d’água no oceano. Um dos princípios para trabalhar com essa população , é você acreditar na recuperação da capacidade do ser humano.”

Confira o Debate Super Sábado #282 com Jéssica Dias e Rubens Salomão a seguir a partir de 01:33:00

Sinval Lopes é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a UniFasam, sob supervisão do jornalista Luciana Maciel.