A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou um estudo em 2018, que aponta o lixo como o destino de 99% do que é fabricado pela humanidade após seis meses de uso. Isso faz com que mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos sejam produzidos anualmente. 

Esse fato ocorre devido a um processo cíclico estabelecido na sociedade capitalista, em que a indústria retira a matéria prima do meio ambiente, o bem de consumo é fabricado já com data de validade (teoria conhecida como obsolescência programada), utilizado e, por fim, descartado. Chamado de economia linear, este sistema tem causado grandes danos à natureza, como o aumento da poluição e o aquecimento global. 

Diante desse cenário, tem-se a necessidade da adoção de um novo método, em que o ciclo natural seja completo com o retorno residual para o ambiente de maneira não agressiva. Surge, portanto, a economia circular, filosofia que tem como princípio básico a reutilização de materiais. Além disso, vale destacar a busca pela utilização de fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação até o momento em que o material não puder mais ser transformado, reutilizado ou reciclado.

Nesse caso, a indústria produz, o consumidor utiliza e o descarte é feito em pontos de coleta seletiva, nos quais esses materiais serão reaproveitados. Assim podendo ser transformado em um novo produto ao invés de desprezado de maneira imprópria e ocasionando a degradação do meio ambiente.

Tem-se, portanto, como fundamental a criação de políticas públicas e infraestruturas especializadas, além da educação sustentável, seja para conscientização ou formação de novos profissionais. Para compreender melhor sobre o assunto, o Debate Super Sábado #298 recebeu a diretora do comitê de economia circular e azul do Climate-Smart Institute, Tatiana Zanardi; e o professor sênior da USP e presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), José Otávio Menten.

Na busca de alternativas através da tecnologia para restaurar os materiais descartados que chegam ao fundo do mar, Tatiana Zanardi exemplificou meios de reaproveitamento de plástico, transformando-o em um gás pouco prejudicial à atmosfera. 

“É bem complicado saber o que fazer com esse lixo que já está no mar, então buscamos alternativas que usem tecnologia para mudar isso. Uma das saídas é transformar o plástico que pode ser recolhido do mar em hidrogênio, o que é uma solução inovadora”, afirmou a especialista.

Ela ainda informou que, anualmente, cerca de 25 milhões de toneladas vão parar nos oceanos ao redor do mundo e deles, 12 milhões são materiais plásticos. Além disso, a preocupação para esse aspecto é notória, já que utensílios com essa composição química podem levar até mil anos para serem decompostos.

Em outra perspectiva, para José Otávio Menten, um dos pontos mais delicados envolve o agronegócio, principalmente devido aos defensivos, que são químicos controladores de parasitas considerados prejudiciais à lavoura.

“Uma grande preocupação, além dos defensivos, era com as embalagens deles. Porém, hoje no Brasil, conseguimos recolher e dar a destinação adequada para cerca de 95% das embalagens utilizadas”, explicou o professor. Confira o Debate Super Sábado na íntegra

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