O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta semana o ocidente de tentar destruir a Rússia. Exigiu que promotores adotem uma linha dura, com o que ele classificou como tramas arquitetadas por espiões estrangeiros para dividir o país e desacreditar suas forças armadas. Putin disse que o ocidente percebeu que a Ucrânia não poderia vencer a Rússia na guerra, então mudou para um plano diferente: a destruição da própria Rússia. 

Desde o início da invasão russa na Ucrânia em 24 de fevereiro milhares de pessoas morreram, enquanto outros milhões de cidadãos se deslocaram. Com o tempo o medo de um confronto mais amplo, entre a Rússia e os Estados Unidos, as duas maiores potências nucleares do mundo aumentou. 

Para entender melhor os desdobramentos da guerra, a Sagres convidou a coordenadora do curso de relações internacionais da Uninter, Caroline Cordeiro; o advogado e mestre em direito Cássio Faeddo; o pós doutor em economia pela UNICAMP Ycarim Melgaço; e o professor de história Afonso Fernandes.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou ontem em suas redes sociais, sobre o 79º dia de guerra com a Rússia. No post, Volodymyr afirma que militares ucranianos tomaram mais de mil assentamentos que eram ocupados por forças russas.

”Continuamos a restaurar os territórios desocupados da Ucrânia. Até hoje, 1.015 assentamentos foram desocupados, mais seis nas últimas 24 horas”, afirmou Zelensky. “Devolvemos eletricidade, abastecimento de água, comunicações, transporte, serviços sociais para lá”, acrescentou o presidente, que ainda afirmou que a Rússia perdeu 200 aeronaves, 27.000 solados, 3.000 tanques.

Além disso, em outro post publicado hoje (14) no instagram, o presidente ucraniano recebeu em Kiev o líder da minoria do Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnel. Zelensky agradeceu a visita e disse acreditar ser um forte sinal de apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. “Obrigado por sua liderança em nos ajudar em nossa luta, não apenas por nosso país, mas também por valores e liberdades democráticas. Nós realmente apreciamos isso”, escreveu o presidente em sua conta no instagram.

Para a coordenadora do curso de relações internacionais da Uninter Caroline Cordeiro, o reflexo dos 80 dias da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, foi a aliança do ocidente.

“O apoio que o ocidente está dando, os contornos dessas movimentações, não só da Europa, mas de outros países. E agora, nesses últimos dias de conflitos, temos visto uma pequena mudança de postura dos EUA principalmente, o presidente Biden tem mostrado mais articulação, ele tem falado mais do conflito”, analisou.

Desde o inicio da guerra, 24 de fevereiro de 2022, sanções econômicas foram impostas à Rússia pelo Ocidente. Entre elas, o fechamento do espaço aéreo da União Europeia e dos Estados Unidos, a exclusão da Copa do Mundo e até a interrupção da venda de produtos da Apple no país. Nesta semana, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que as sanções afetam os próprios interesses de seus autores.

“Seus autores, guiados por ambições políticas míopes e infladas, a russofobia, atingiram em maior medida seus próprios interesses nacionais, suas próprias economias, o bem-estar de seus cidadãos. Vemos isso, em primeiro lugar, em um aumento acentuado da inflação na Europa”, ressaltou Putin.

A guerra tem afetado o mundo economicamente e, por essa razão, o professor Ycarim Melgaço detalhou que o combustível e o gás natural movimentam a economia do planeta. “Podemos assistir o despreparo do ocidente com relação a isso, tendo em vista sobretudo a Europa, que depende aproximadamente 40% da importação desse combustível. Só a Alemanha, que é uma das grandes potencias do planeta, depende aproximadamente 51% desse combustível”, destacou o professor.

Além disso, outro impacto dos 80 dias da guerra, foi nas relações internacionais. A Finlândia anunciou a inscrição para ingressar a Otan. Por essa razão, o Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que o processo de adesão da Finlândia à Otan seria tranquilo. “Se a Finlândia decidir se candidatar, eles serão calorosamente recebidos na Otan e o processo de adesão será tranquilo e rápido” afirmou o secretário. “A Finlândia é um dos parceiros mais próximos da Otan, uma democracia madura, um membro da União Europeia e um importante contribuinte para a segurança euro-atlântica”, concluiu.

O advogado e mestre em direito Cássio Faeddo, explicou que do ponto de vista geopolítico, após a pandemia, seguida de uma guerra, os países precisam mudar o foco de uma globalização tão aberta, sujeito a cautelas econômicas. “Isso para poder se precaverem dentro do possível, para que não fiquem desguarnecidos”, afirmou Cássio.

O professor de história, Afonso Fernandes, disse que a guerra tem sido narrada através das redes sociais, o que torna este momento histórico. “Então a gente usa o twitter, um facebook, instagram para coletar informações sobre esse assunto. E a própria população tem acesso à essa informação e quem esta trabalhando dentro dessa guerra também utiliza esses recursos. Então já fica historicamente, a primeira guerra, de fato, a acontecer de tal maneira” pontuou Afonso.

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