Foto: Divulgação

Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de um milhão de pessoas contraem infecções sexualmente transmissíveis (IST) por dia no planeta. Por causa da sífilis, houve um registro de 200 mil fetos natimortos em 2016, o que faz da doença uma das maiores causas de mortes de bebês globalmente.

Os números de jovens com HIV também aumentaram. Para ter uma ideia, uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que 9 em cada 10 jovens de 15 a 19 anos sabem que usar camisinha é o melhor jeito de evitar HIV, mas mesmo assim, 6 em cada 10 destes adolescentes não usaram preservativo em alguma relação sexual.

A coordenadora Médica da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, Katia Bonfim, avalia que a evolução no tratamento das ISTs e até da Aids fizeram com que as pessoas deixassem de se preocupar tanto com a prevenção.

“Como hoje não se fala mais em morte relacionada ao HIV, as pessoas diminuíram a preocupação e a proteção. Antigamente, como o HIV teve vários casos de mortalidade, as pessoas tinham mais preocupação e se protegiam melhor. A medicina tem evoluído, hoje a sobrevida de um portador de HIV é praticamente bem próxima da de uma pessoa saudável”, analisa.

A coordenadora de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, Milca Queiroz, diz que o Estado oferece acesso gratuito a métodos contraceptivos e exames para identificar possíveis ISTs, mas destaca que há falhas no acesso a esse tipo de informação ao público mais jovem.

“A saúde pública oferece formas de as pessoas se precaverem, se prevenirem e protegerem de uma IST. Em contrapartida, a gente observa também que, questões de educação sexual, que é importante, e a gente sabe que tem falhas nesse sentido. Hoje os nossos jovens têm pouco acesso à educação. Não se conversa sobre sexo, ou sobre o exercício da sexualidade, ou comportamento sexual, nem na família e nem na escola”, afirma.

A psicóloga e terapeuta sexual, Jéssica Siqueira, critica a metodologia utilizada para levar informações sobre sexo ao público jovem. “É pautada no medo. Um exemplo é ‘se caso você tiver um contato sexual, você vai contrair essa característica aqui’. Mostram aquelas fotos de uma maneira absurda”, pontua.

Segundo Milca Queiroz, cerca de 75% dos casos de IST em Goiás ocorrem no público jovem, e metade desse percentual é de indivíduos entre 20 e 29 anos, tanto para sífilis quanto para HIV.

No último dia 3 de fevereiro, o governo federal, por meio dos Ministérios da Mulher, Família e Direitos Humano, e da Saúde, lançou a campanha “Tudo Tem Seu Tempo”, que visa educar os jovens sobre sexo e gravidez na adolescência, o que inclui a abstinência sexual. Para a Jéssica Siqueira, quanto mais conhecimento houver sobre o assunto, melhor.

Katia Bonfim acredita que a família não pode abrir mão de falar sobre sexo com os filhos, quando houver a oportunidade. “Ninguém tem controle sobre o outro. Eles, na verdade, vão estar abrindo mão de orientar melhor seus filhos. Do mesmo jeito que eles não permitem a orientação sexual nas escolas, esses pais normalmente não falam sobre isso em casa, justamente por um constrangimento e por achar que, se o filho souber menos, vai deixar de praticar o ato. Um filho mais bem orientado, vai poder decidir melhor”, conclui.

A Sagres 730 fez uma enquete no Instagram durante o Debate de hoje (15) perguntando se as pessoas concordam ou não com a educação sexual nas escolas. Até esta publicação, 61% dos seguidores disseram que sim, e 39% que não. 

Ouça as edições anteriores do Debate Super Sábado