Foto: Reprodução/Twitter O deputado federal Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara dos Deputados, se envolveu em um tumulto e bate-boca com estudantes e professores nesta quarta-feira (22). O ministro da Educação, Abraham Weimtrub, falava sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) durante sessão da Comissão de Educação, quando os representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) tentaram falar. Houve tumulto e a sessão, iniciada às 9h30, foi encerrada às 14 horas. O delegado Waldir se posicionou contra os estudantes e houve um bate-boca, momento em que o presidente da Associação dos Docentes da UFG (Adufg), Flávio Alves da Silva, filmava a sessão. Flávio então disse: “Delegado Waldir, xingando todo mundo da UNE”. Visivelmente nervoso, o deputado dizia que não teria diálogo. Na sequência o presidente da Adufg disse próximo ao delegado: “Vou mostrar lá em Goiás como o sr. trata os estudantes”, no que ele respondeu: “Vai lá, petista”. Flávio retrucou: “Petista o cacete. Não sou petista não.” E deputado continuou: “Aluno é maconheiro. Aqui ó (e fez sinal de prisão com os dedos)”, é cadeia”. Flávio então retrucou: “Sou professor de universidade, o sr. respeita.” O deputado pegou suas coisas sobre a mesa e antes de sair da sala da comissão afirmou: “Professor de universidade… Vai trabalhar, cara, vai trabalhar.” {source} {/source} Em entrevista à Sagres, o Delegado Waldir disse que a maioria das pessoas que frequentam as universidades federais são “gente boa”, mas que também tem “maconheiro demais”. “Que delícia que ele divulgou essas minhas imagens aí, né? Eu estou aqui na defesa do governo Bolsonaro, das nossas propostas, dos mais pobres, dos estudantes, em sua grande maioria pessoas de bem, professores de bem. Mas nós temos muitos maconheiros, sim, nas universidades. Ontem (21) foi uma prova. A Rotam foi lá no câmpus e apreendeu maconha, ecstasy, ou eu estou mentindo? Qualquer universidade federal que você for, a grande maioria é gente boa, mas tem muito maconheiro, tem maconheiro demais”, afirma. O deputado justificou por que ele e outros líderes do governo de Jair Bolsonaro presentes na sessão impediram representantes da UNE e da UBES de falarem na Comissão. “Se quiser marcar uma audiência para falar, ela tem que vir como convidada, participar da mesa, de todo o debate. Agora, de última hora, a oposição querer dar um tombo no nosso ministro, nesses líderes do PSL, nos demais parlamentares… Ficamos mais de 16 líderes sem falar, mais de 40 deputados sem falar. Ficamos cerca de 4 horas sentados e não pudemos falar. Aí, de repente, a presidente da Comissão, que é do Partido Comunista, vai querer colocar a líder da UNE para falar? De jeito nenhum, não permitimos e não vamos permitir em nenhum momento. Aqui é a Casa de leis, é da legalidade”. O deputado defendeu ainda maior presença das polícias nas universidades federais. “Sou defensor, sim, que a Polícia Militar e a Polícia Civil tenham livre atuação em todo o câmpus, em toda universidade, para a gente acabar com essa baderna que tem acontecido nas universidades federais. Os institutos federais são exemplo. Já nas universidades temos vários setores que são contaminados com essa zona livre de uso de drogas”, argumenta. O professor Flávio Alves criticou em entrevista à Sagres Online a postura do deputado Delegado Waldir. “Totalmente alterado, não só ele como outros deputados do PSL que estavam lá, porque nessas comissões sempre tem a tropa de choque quando vai algum ministro do governo”, pondera. “Em toda comissão, as entidades têm direito a falar, o povo tem direito a falar nas comissões”. O presidente da Adufg lamenta a atitude do deputado. “O Delegado Waldir foi aprovado em concurso público da Polícia Civil, e a entrada dele nesse concurso foi possibilitada graças à educação que ele recebeu de vários educadores. Nós professores formamos seres humanos, e temos o mínimo de respeito, o que o Delegado Waldir está demonstrando que não tem, acusando todo mundo da universidade de ser maconheiro, petista, comunista. Esse tipo de coisa não traz nada. É lamentável”, acrescenta. Sobre o fato de ter mandado o professor ir “trabalhar”, o deputado federal por Goiás fez questionamentos. “Ele está fazendo o que lá? Não tem aula para ele dar, não? Ele não estava como convidado. Não tem uma convocação da comissão para ele vir se manifestar”, concluir. |