O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) identificou aumento de 198% na conta do cartão corporativo de Jair Bolsonaro de março de 2019 para março de 2020 e apresentou mandado de segurança ao Supremo Tribunal Federal para obrigar o presidente a divulgar detalhadamente como gastou esse dinheiro.

No Portal da Transparência, que é dedicado a tornar públicas todas as despesas do governo federal, é informado apenas o valor total, o restante está sob sigilo. “Apenas os gastos relativos à segurança nacional podem ser sigilosos. Será que foram essas que aumentaram?”, questiona o deputado.

Em março do ano passado, o valor informado do cartão corporativo do presidente foi de R$ 1.641.524,15. Um ano depois, em plena pandemia do coronavírus, subiu para R$ 4.904.655,02.

Em 2019, nos três primeiros meses do ano, a soma foi de R$ 2.414.816,71. Já no mesmo período deste ano, chegou a R$ 7.553.570,99, aumento de 212%. 

Por que o presidente faz tanto mistério com os seus gastos? É preciso ter transparência, a sociedade tem o direito de saber como o presidente está gastando o dinheiro público”, afirma Elias Vaz.

Durante a campanha às eleições em 2018, Jair Bolsonaro foi ferrenho defensor da redução de gastos com cartão corporativo, criticando as despesas geradas nas gestões anteriores.

Em pronunciamento no Palácio do Planalto, no dia que marcou a demissão do ex-ministro Sergio Moro, o presidente fez questão de destacar o zelo com o dinheiro público. Chegou a dizer que desligou o aquecedor da piscina olímpica do Palácio da Alvorada (cujo aquecimento na verdade se dá por energia solar desde 2002), e citou a decisão de “implodir o Inmetro” por querer trocar tacógrafos.

Uma decisão do Supremo de dezembro de 2018 obriga o presidente a detalhar exatamente o que é gasto com o cartão corporativo, mas Bolsonaro não respeita a determinação.

Em resposta a questionamento do jornal Estado de São Paulo sobre o tema, o Palácio do Planalto se limitou a responder que os gastos do cartão corporativo de Bolsonaro estão relacionados a viagens internacionais do presidente, mas não detalhou com o que o dinheiro foi utilizado.