Desabafar. Essa ação, por mais simples que pareça, pode salvar uma vida. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em desistir de viver e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.

A campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, reforça a necessidade de diálogo com quem planeja a própria morte como solução para tudo, como explica o voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), José Fernando Tolentino, em entrevista à Sagres TV.

“Muitas vezes, a pessoa que está pensando em desistir de viver, ela só precisa desabafar, de tirar toda a pressão que tem dentro dela”, afirma.

A ajuda pode vir de um amigo, parente, colega de trabalho ou escola, professores, ou alguém que está próximo a quem precisa e também dos voluntários do CVV, que são treinados para conversar com pessoas que estejam passando por alguma dificuldade e que possam pensar em tirar sua vida. José Fernando Tolentino destaca que não basta falar, é preciso fazê-lo da forma correta e evitar traumas

“Que a gente consiga falar da maneira correta. Muitas vezes a gente, com medo de falar sobre o assunto, quando resolve falar, acaba falando de uma maneira sensacionalista, compartilhando fotos, vídeos, até a própria carta da pessoa que desistiu de viver. E essas são as maneiras erradas, que a gente deve evitar”, pontua.

Em Goiás, no mês de maio, o Corpo de Bombeiros (CBMGO) atendeu 83 ocorrências de suicídio consumado em todo. Quase três chamados deste tipo por dia. Em 2020 a corporação recebeu 701 chamados de suicídio.

Só no período de pandemia, entre março e agosto deste ano, foram 515 ocorrências desta natureza. Em agosto deste ano, até o dia 30, 105 pessoas tiraram a própria vida, o que significa 3,5 mortes por dia. Índice 20% maior que o registrado no mesmo mês de 2019, quando a o corpo de bombeiros atendeu 87 chamados de suicídio.

Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde atualmente 32 pessoas por dia tiram a própria vida.

“A gente pode aprender a lidar com essas questões, identificar esses tabus, evitando que as pessoas carreguem culpas que não têm, sabendo com quem e como buscar ajuda. O falar é muito importante, é uma das melhores maneiras de se prevenir o suicídio”, aponta.

Para conversar com um voluntário, basta ligar para o telefone 188, gratuito, que funciona 24 horas. Também é possível mandar um e-mail ou falar pelo chat, que podem ser acessados pelo site www.cvv.org.br. Na página há vídeos feitos em parceria com o UNICEF, para ajudar a divulgar a importância da prevenção.