João Pedro de Freitas Gomes afirma que a desigualdade de raça influencia em gastos com saúde e educação. Pois o pesquisador da USP analisou dados da população brasileira divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O trabalho de João Pedro constitui, então, a Nota de Política Econômica (NPE) 49 – Desigualdade de raça e gênero e impactos distributivos dos gastos públicos com saúde e educação no Brasil.
Segundo o pesquisador, a Nota 49 mostra como a política altera a estrutura de renda no Brasil. Por isso, ele observou a influência da desigualdade social relacionados à saúde e à educação e a possibilidade desta análise direcionar de uma forma mais justa os investimentos do país nesses dois setores.
Saúde e educação
O pesquisador João Pedro de Freitas Gomes buscou os dados sobre a saúde na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE. Ele desenvolveu o estudo em parceria com Pedro Romero Marques & Fernando Gaiger Silveira e, assim, o grupo analisou gastos com remédios, consultas e tratamentos.
Os dados sobre os gastos com a educação são do Inep. O instituto divulga os danos anualmente com planilhas detalhadas dos valores destinados a cada município. Para ele, os resultados sobre a saúde valorizam a existência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na pesquisa, João Pedro considerou a distribuição gratuita de serviços e medicamentos, traçando uma variável em comum entre as duas bases pela renda do trabalho.
“ Desse jeito, conseguimos uma renda monetária que é a nossa renda base, ou seja, uma espécie de renda de mercado antes de qualquer intervenção governamental para analisar os gastos das pessoas com saúde e educação”, diz.
Influência da desigualdade
A pesquisa considera diversos fatores, como a quantidade de filhos em idade escolar e em escola pública, e a desigualdade entre os municípios. Então, os dados mostraram que a desigualdade de raça é 25% de toda desigualdade que aparece nos gastos com saúde e educação.
Segundo o autor da pesquisa, 25% dessa disparidade seria resolvida ou igualada se as pessoas brancas e pretas recebessem de maneira igualitária.
Apontando a necessidade de mais políticas públicas em saúde e educação, João Pedro observa que os 10% mais pobres gastam 50% da renda total com saúde e educação.
“Ao longo da pesquisa, fomos observando que essas disparidades vão surgindo com os mais pobres, com as mulheres e têm uma concentração muito forte em pessoas pretas, pardas e indígenas”, afirma.
*Com Jornal da USP
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 10 – Redução das desigualdades.
Leia mais: