Uma série de reportagens e websérie, produzidas ao longo de 3 anos em 12 estados brasileiros, e que mostra a vida de mulheres que se dedicam a proteger espécies de animais ameaçadas no Brasil, recebeu reconhecimento mundial.

O projeto Mulheres na Conservação, que tem idealização e realização da jornalista Paulina Chamorro e do fotógrafo João Marcos Rosa, se transformou em um documentário. O filme, que conta com apoio da Fundação Toyota foi consagrado pelo público, em votação online e aberta, foi eleito como o Melhor Longa Metragem no Female Film Festival. A premiação internacional elege filmes produzidos e escritos por mulheres.

O documentário reúne histórias de mulheres que dedicam à vida a proteger a natureza, revelando a trajetória e o trabalho de cientistas brasileiras na conservação. Nesse sentido, as personagens retratadas são: Patrícia Medici, da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB-IPÊ), Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul, Bárbara Pinheiro, da Universidade Federal de Alagoas (PDCTR/UFAL), Flávia Miranda, do Instituto Tamanduá e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Márcia Chame, das fundações Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Homem Americano, Maurizélia de Brito e Silva, da Reserva Biológica do Atol das Rocas (ICMBio/MMA) e Beatrice Padovani, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Da esquerda para a direita: Patríca Medici, Neiva Guedes e Zélia Brito (Fotos: João Marcos Rosa)

“É muito emocionante que o meu primeiro filme, consequência de um trabalho jornalístico, tenha sido reconhecido pelo júri popular desse festival. Conquistar esse prêmio é homenagear a história dessas 7 profissionais retratadas no filme, que representam muito para a conservação da biodiversidade brasileira, e também as mulheres que escrevem, dirigem e atuam no audiovisual e na comunicação. Espero que cada vez mais nós, mulheres, tenhamos caminhos e oportunidades para mostrar os nossos trabalhos, que são muitos, diversos e merecem chegar ao grande público”, disse Chamorro.

Inspiração

Esta é a primeira vez, no entanto, que o documentário, que tem direção de Paulina Chamorro e João Marcos Rosa, com roteiro de Fernanda Polacow e montagem de Larissa Figueiredo, recebe reconhecimento internacional. Ademais, a diretora destaca a relevância do que essas histórias inspiram para as próximas gerações.

“Elas nos proporcionaram momentos de extrema delicadeza e sensibilidade, nos deixaram entrar na vida delas para mostrar bem mais que os resultados das pesquisas que realizam”, lembra. “Além da iniciativa de criar uma linha de estudo, elas desenvolveram técnicas pioneiras no mundo da ciência em benefício da conservação. Ou simplesmente começaram do zero traduzindo para o resto do planeta a linguagem da natureza. E, hoje, muito do trabalho delas é referência global”, complementa.

Heroínas

As heroínas da preservação ambiental no Brasil, todavia, têm vidas bem diferentes. Em comum, uma força impressionante que se revela em décadas de trabalho em uma área onde ser mulher é mais um dos desafios. A participação e o protagonismo de mulheres nas mais diversas áreas, no entanto, nem sempre é proporcional à visibilidade que elas recebem pelo seu trabalho e conquistas.

Além disso, as mulheres são responsáveis por metade da produção científica brasileira. Entretanto, o papel da mulher nesta e em outras áreas ainda não recebe o destaque que merece.

Este conteúdo está alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) ODS 05 – Igualdade de gênero

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