O documentário “O Bicudinho-do-brejo” venceu a categoria redes sociais no Frome International Climate Film Festival, da Inglaterra. No filme disponível no youtube da Grande Reserva Mata Atlântica, é retratada a forma de vida da ave em brejos do litoral paranaense, em Guaratuba.
Dirigido por Gabriel Marchi, a obra tem produção de Ricardo Borges, com assistência de produção de Samantha Carvalho, e locução de Marianna Grecca. Então, o filme acompanha a pesquisa de científica de Marcos Bornschein e Larissa Teixeira, ele professor e ela mestranda da Unesp.
De acordo com Gabriel Marchi, afirmou que o filme é sobre a conservação e o amor pelas espécies do litoral do Paraná.
“A obra retrata pessoas que dedicaram e dedicam as suas vidas para salvar essa espécie que é tão especial e ameaçada ao mesmo tempo. Por isso, o filme, desde a sua concepção até a edição, teve uma grande responsabilidade, carinho e cuidado para ser fiel a essa história, encantar, emocionar e, ao mesmo tempo, alertar”, explicou.
Bicudinho-do-brejo
O bicudinho-do-brejo (Formicivora acustirostris) é uma espécie considerada rara encontrada pela primeira vez em 1995. A espécie vive restrita no litoral do Paraná e de Santa Catarina, numa área de 5,5 mil hectares. Atualmente há cerca de 7 mil indivíduos.
“Ele é um passarinho bem pequenininho do tamanho de um bombom, ele é meio marronzinho. Só que diferente dos pardais que você vê no seu quintal, ele só vive num ambiente muito específico, que é na bordinha de rio, mas naqueles capins que têm na borda de rio. Ele não gosta muito de floresta”, disse Larissa Teixeira.
A ave é a personagem de um episódio da 3ª temporada da websérie “Histórias da Grande Reserva Mata Atlântica”, uma iniciativa não governamental da própria Grande Reserva.
No documentário, podemos acompanhar os pesquisadores do Projeto Bicudinho-do-brejo fazendo o trabalho de transportar os ovos frágeis das espécies para salvá-los das cheias dos brejos que alagam e o manejo de troca genética entre as populações.
Espécie em extinção
Marcos Bornschein explicou que a espécie vive cerca de 16 anos, o que é muito para uma espécie de passarinho que tem de 9 a 10 gramas.
“Mas no entanto, a gente descobriu que somando a quantidade de bicudinhos que morrem com a quantidade de bicudinhos que atingem a independência e acham um lugar para si, o balanço está negativo. Está morrendo mais bicudinhos do que está sobrevivendo bucudinhos”, contou.
Bornschein afirmou que a situação da espécie é “dramática”, com previsão de extinção entre 30 e 50 anos. O pesquisador destacou que os maiores desafios da ave são escapar da predação e escapar da maré alta. Como vive rente aos rios, os ninhos afogam com os alagamentos.
“O que pode ser feito é manter os ambientes preservados, com saúde. Mas o ambiente está padecendo e o bicudinho está perdendo lugar por causa das braquiárias africanas. Os indivíduos também estão cruzando entre si, com pequenas populações e isso diminui a variabilidade genética, o que diminui o potencial da espécie responder às pressões do meio ambiente, da predação e da perda de habitat”, disse.
Circuito europeu
Além de vencer na categoria “Best Social Media Film” do Frome International Climate Film Festival, o documentário “O Bicudinho-do-brejo” chegou na fase final do XII VAASA Wildlife Film Festival da Finlândia, na categoria “NewCommer”.
E ainda está concorrendo no circuito europeu de cinema, no XXVIII TV Ecological Film Festival “To Save e Preserve” e no XIII KinoFestival “Light of the World” da Rússia, e no Eco Screen Fest, de Portugal.
O documentário homenageia a bióloga e ornitóloga brasileira, Bianca Reinert, que descobriu a espécie com Marcos Bornschein, em 1995. Bianca Reinert dedicou seu trabalho à conservação do bicudinho-do-brejo. A bióloga faleceu em 2018.
*Com portal Notícia Sustentável
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 15 – Vida terrestre.
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