Um dos primeiros atos de Donald Trump de volta à presidência dos Estados Unidos da América (EUA) na segunda-feira (20) foi assinar um decreto que retira os Estados Unidos do Acordo de Paris e também da Organização Mundial da Saúde (OMS). Trump repetiu o que fez na primeira passagem no cargo, pois tirou o país do compromisso climático em 2017.
O Acordo de Paris é um compromisso global firmado por 195 países durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), realizada em Paris, em 2015. Um marco das negociações climáticas, o Acordo prevê ações que limitem o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis de temperaturas pré-industriais.
Donald Trump alega que o acordo afeta negativamente a economia estadunidense com a proposta de limitação/eliminação do uso de combustíveis fósseis. O processo de saída que começou em 2017 terminou em 2020, mas foi revertido no ano seguinte quando Joe Biden entrou na Casa Branca. Agora, então, Trump retoma a retirada, colocando os EUA ao lado de Irã, Líbia e Iêmen, nações que não se comprometeram com o acordo.
Repercussão na ONU
Já era esperado que Donald Trump tomasse ações nesse sentido, já que o presidente estadunidense se posiciona contra acordos climáticos internacionais e porque já havia iniciado o processo no primeiro mandato. A partir de agora o país aguarda a confirmação da Organização das Nações Unidas (ONU) para oficializar a saída.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, lamentou a decisão de Trump sobre o Acordo de Paris: “É crucial que os Estados Unidos continuem liderando questões ambientais”, disse. Dujarric ressaltou que o acordo é responsável pela revolução energética em curso e afirmou que espera a continuação dos trabalhos ambientais nas cidades, estados e empresas dos Estados Unidos.
O país foi um dos fundadores da OMS, fato lembrado pelo porta-voz da entidade, Tarik Jasarevic. Ele destacou que a organização é fundamental para o sistema de saúde do mundo ao levar saúde e bem-estar para milhões de pessoas. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, pediu que Donald Trump repense a decisão, no entanto, o país já enviou uma carta oficial à entidade na qual diz que deixará de fazer parte dela em um ano.
Participação na COP 30
O governo brasileiro anunciou nesta terça-feira (21) que o diplomata André Corrêa do Lago vai presidir a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro.
Na primeira entrevista como presidente da COP 30, Corrêa do Lago foi questionado sobre a decisão de Donald Trump e afirmou que a saída do país do compromisso climático traz complicações para a conferência da ONU.
“Claro, os Estados Unidos são um ator essencial. Não só a maior economia, também um dos maiores emissores. Mas também um dos países que têm trazido respostas à mudança do clima com tecnologia. Os EUA têm empresas extraordinárias, e vários estados e cidades americanas estão muito envolvidos nesse debate”, disse.
Corrêa do Lago disse que a decisão de Trump ainda está sob análise, mas que não há dúvida quanto ao impacto da saída dos EUA na preparação da COP 30.
“Inclusive, os Estados Unidos continuam membros da Convenção do Clima, estão saindo do Acordo de Paris. Então, há vários canais que permanecem abertos, mas não há dúvidas de que é um anúncio político de grande impacto”, destacou.
*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudanças Climática.
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