Nesta sexta-feira (5), o mundo celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente e se mobiliza para discutir temas, refletir atitudes e sugerir alternativas para a convivência harmônica entre o ser humano, o planeta Terra e o desenvolvimento econômico. Em entrevista ao Tom Maior da SagresTV, o doutor em ciências ambientais, Leandro Parente, fez uma análise da Amazônia vista do espaço, trazendo dados e informações mundiais.

“Hoje, a gente tem uma proporção de área preservada, em tordo de 66%. Mas, é questionável, porque tem alguns indicadores que jogam contra o Brasil. Em números absolutos, o Brasil é o país que mais desmata no mundo, dada as proporções, nós somos o quinto país maior do mundo, temos uma grande área de vegetação natural. Mas é difícil defender a preservação ambiental, desmantando essa quantidade de área que esta sendo desmatada”, afirma.

A devastação do maior bioma do país ocorre principalmente sobre terras “sem dono”, ou seja, áreas públicas que que não são nem unidades de conservação, nem terra indígena, nem destinadas à venda. Com isso, se tornam alvo de grilagem – quando a terra é invadida por criminosos que desmatam, queimam, e colocam gados sobre o pasto que sobra, para depois revender com documentos falsos, “legalizando” a área invadida.

Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), aponta que 41% dos 9.762 km² desmatados no bioma entre agosto de 2018 e julho de 2019 foi em terras públicas e áreas protegidas. As terras da União e dos estados somam 27% da devastação no período. Já as áreas protegidas, que deveriam ter desmatamento zero, correspondem a 14% da área degradada: 5% em unidades de conservação; 4% em terras indígenas e 5% em áreas de proteção ambiental.

A devastação ocorre em grandes escalas. Um relatório da organização Human Rights Watch, divulgado em setembro, aponta que o desmatamento na Amazônia está ligado a uma rede de criminosos que paga por mão de obra, por grandes maquinários (motosserras, tratores, correntes, caminhões), e até por proteção de milicianos armados que ameaçam quem tenta denunciar os crimes.

Leandro apresentou a plataforma Global Forest Watch, que disponibiliza informações sobre desmatamento no mundo, e nela o Brasil se encontra em primeiro lugar. “Brasil está em primeiro lugar em desmatamento, desde 2000, se a gente pegar esse histórico acumulado, mais recente agora, não incluindo a década de 80. A gente tem uma grande taxa de desmatamento. Pra mim, a preservação do meio ambiente está relacionada em não só você manter a floresta de pé, mas também, você combater o desmatamento de diferentes formas”, ressalta.

Assista à entrevista na íntegra a partir de 1:28:00