O século 21 não chegou em seu primeiro terço, mas já trouxe mudanças tecnológicas de impacto na sociedade. Um destes avanços é a popularização dos drones – “robôs” controlados à distância com suas câmeras acopladas que popularizaram as fotos e tomadas aéreas.
Como quase tudo, o mesmo drone que representa um avanço tecnológico pode se tornar um perigo quando pilotado por usuários irresponsáveis ou sem a devida instrução, colocando em risco a vida de centenas de pessoas ou causando transtornos e prejuízos para a sociedade. Um veículo aéreo não tripulado operado em uma área aeroportuária ou num terminal de pouso é crime. O risco de acidente aeronáutico é real.
O pouso e a decolagem são dois períodos críticos do voo, onde a carga de trabalho da tripulação é significativamente mais alta. Preocupar-se com a operação irresponsável de um Vant nessa fase do voo é tudo que os pilotos não precisavam. Essa ferramenta representa um perigo igual ou maior do que os balões. Menor, um drone típico é mais difícil de ser identificado a tempo de se evitar uma colisão.
Entretanto se a soltura de balões é “justificada” como uma tradição brasileira e tem na falta de instrução e entendimento uma das suas razões de existir até hoje o mesmo não pode ser dito dos veículos aéreos não tripulados. Caros, exigem mais investimento e mais conhecimento para opera-los. Assim a falta de conhecimento e a incapacidade de se avaliar corretamente os riscos envolvidos não podem ser utilizados como desculpa para a operação em áreas aeroportuárias. Depois do evento de ontem, onde milhares de pessoas foram afetadas pela ação irresponsável de um operador, ficam as perguntas: quando o brasileiro passará a respeitar o próximo?
No caso dos drones, será necessário um acidente para que as pessoas se conscientizem do perigo que sua operação irregular representa para a aviação? Até quando a sociedade vai aceitar passivamente que alguns irresponsáveis coloquem a vida da coletividade em risco? Temos que fazer o certo sempre, sem esperar a ação do estado ou da fiscalização, até porque não é possível fiscalizar cada proprietário de drone que decida fazer o uso irregular de sua máquina.
Shailon Ian, engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e presidente da Vinci Aeronáutica