O plenário da Câmara dos Deputados aprovou a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para prestar esclarecimentos sobre a offshore localizada nas Ilhas Virgens Britânicas, da qual é sócio. Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior #373 desta terça-feira (12), o professor e especialista em Economia, Luiz Carlos Ongaratto, afirmou que ter uma empresa fora do país não é ilegal, desde que seja declarada, mas que diante do cargo que exerce, o ministro precisa esclarecer os fatos para evitar o chamado “risco moral”.

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“Risco moral significa que quando há a possibilidade de alguém fazer alguma coisa, ela pode ir lá e fazer. Então a gente precisa acabar com esse risco moral. Eu não acredito que ele tenha operacionalizado isso, porque seria muito amadorismo do próprio ministro ter feito esse tipo de operação com a própria empresa. Seria muito mais fácil ele fazer de outras formas dentro do mercado”, detalhou o especialista, que ainda reforçou que o caso merece investigação.

Assista a entrevista no Sagres em Tom Maior:

Ongaratto destacou que a abertura de empresas fora do país de residência é, até certo ponto, comum e é feita por pessoas que querem evitar a legislação tributária do próprio país, então buscam paraísos fiscais para isso, que são locais que não verificam a origem do dinheiro.

“É uma estratégia de captação de recursos para este país que não faz distinção se esse dinheiro tem origem lícita ou ilícita. Por isso que é muito utilizado por exemplo, em operações de corrupção, tráfico de drogas, tráfico de armas, porque infelizmente a gente não consegue rastrear”. Segundo o economista, informações sobre essas contas só podem ser abertas quando há uma investigação da Interpol.

Sobre Paulo Guedes, o especialista detalhou que é preciso saber a origem dos recursos para a abertura da empresa, além do detalhamento das transações. Outros problemas giram em torno das informações privilegiadas que Guedes tem como ministro e o fato de não investir seu dinheiro na economia em que ele próprio administra.

“Há um conflito de interesses. Por isso que é necessário a investigação, até para o ministro se justificar, falar que existe a offshore, que é um patrimônio de antes dele ser ministro e que nunca mais ele operacionalizou nada, ponto. Correto, não há problema nenhum”, declarou o economista.