A pandemia da Covid-19, no Brasil, agravou uma crise econômica que o país enfrenta há anos e aumentou o desemprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil fechou o 1º trimestre de 2021 com 14,8 milhões de desempregados e taxa de desocupação em 14,7%, a mais alta da série histórica. Em entrevista à Sagres, a economista Adriana Pereira projetou que o país deve levar, pelos menos, de quatro a cinco anos após a pandemia para atingir um equilíbrio econômico.

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“O Governo deve tentar equilibrar as contas entre produção, renda e inflação e, por isso, não deve incentivar para que a economia cresça muito rápido, senão ele perde o controle dos preços. Ele vai tentar ficar freando a economia de alguma maneira e isso demora”.

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A economista explicou os efeitos de uma “forçada” na recuperação, que pode fazer com que os preços fiquem ainda mais elevados, diante de uma inflação mais alta.

“Aumento de emprego rápido gera aumento de consumo rápido, que impacta na necessidade de produção que, por sua vez, eleva o custo, porque para produzir, será preciso buscar insumos que já estão caros. Além disso, haveria também um aumento da demanda pelos produtos, com o aumento de renda rápida. Isso faria com que a gente tivesse um aumento inflacionário acelerado”, detalhou.

A projeção da economista ocorre em função do relatório do Banco Mundial, que prevê que a crise da Covid-19 poderá impactar sobre o emprego e os salários do trabalhador médio por nove anos. Adriana afirmou que o relatório é um pouco pessimista, mas que tem um “pé na realidade”, mesmo com a projeção de tempo maior do que o dito por ela. “O que a gente está vivendo hoje é uma crise internacional. Nós estamos passando por algo que outros países ainda estão em processo de recuperação”.

Interação entre público e privado

Diante da atual situação, de insegurança econômica para investidores e empresários, Adriana analisou que o setor privado não terá coragem ou mesmo orçamento para investir na expansão de seus negócios e contratação de funcionários. Por este motivo, o governo deve entrar com ações que auxiliem nisso. “Intervir na iniciativa privada com incentivos para que ela se desenvolva. Sem incentivo, as empresas não vão reagir da forma que deveria ser para retomada deste crescimento”.

Segundo a economista, a disponibilidade de crédito para empresas pode ser interessante, mas para pessoas físicas, talvez ainda não seja o momento. “Se for para o cidadão comum, ele vai se endividar mais. Então é muito mais fácil o Governo incentivar o crédito para o setor privado, para geração de novos postos de trabalho e só depois que a pessoa tiver empregada, gerar liberação de crédito para pessoa física. A pessoa física, hoje, precisa do trabalho ou de renda. Primeiro gerar renda, depois gerar crédito”.