O secretário de Administração Penitenciária e Justiça Edemundo Dias foi o entrevistado do Clube da Notícia desta quinta-feira (7), da Rádio 730. O secretário foi questionado por jornalistas da Rede Clube de Comunicação e falou sobre o sistema prisional, uso e tráfico de drogas e evangelização dos presos.
Dentro do sistema prisional, Edemundo Dias diz que exercendo sua atividade de pastor e secretário, evangeliza os presos. “Verificamos que cerca de 76% dos presidiários são jovens entre 18 e 29 anos e 90% deles são dependentes químicos. Muitos são egressos da igreja, chamados de desviados. Por isso, a necessidade de levar a palavra de Deus”, afirma.
Em relação ao uso de entorpecentes, o secretário explica que o Brasil é o maior consumidor de crack do mundo e segundo maior consumidor de cocaína. É, também, o país onde mais se comete homicídio, além de ter os números de estupro elevados de forma considerável após 2011. “Tenho certeza que a maioria dos crimes é cometida a partir do uso de crack, que torna o usuário mais agressivo”, comenta.
Questionado sobre o tráfico de drogas comandado de dentro dos presídios, o Edemundo fala que, em geral, a Justiça penal é falha. “Vamos reformular a lei de execução penal, inclusive repensar a questão do semiaberto. A Justiça brasileira não pode mais beneficiar infrator, mas puni-lo para inibir a prática do crime”, diz.
Em comparação aos presídios de todo o mundo, o secretário declara que nosso sistema prisional é amador. “O tratamos ingenuamente. Não temos um Plano Nacional de Segurança Pública de Estado, mas, sim, planos de governo que pensam na próxima eleição, não nas gerações futuras”.
Sobre o direito que os confinados possuem de trabalhar, Edemundo afirma que o trabalho deve ser considerado um dever. “O cidadão trabalhador é quem sustenta o sistema prisional e o país. O preso, cuja prática do crime é rentável, não quer trabalhar. Então, o trabalho deve ser obrigatório”, explica.
Para aumentar a estrutura do sistema prisional, o secretário de Justiça conta que será feita em Goiás uma parceria público-privada para construção de uma penitenciária para 1,600 vagas, com previsão de entrega em 2015, com um polo industrial para 4 mil vagas de trabalho. “Já estamos preparando o primeiro galpão, que será para mão-de-obra feminina. Com a conclusão dessa estrutura, teremos condições de colocar todos os presos trabalhando 24h, em turnos de seis horas. Lá eles vão trabalhar e estudar, e apenas à noite, no período de descanso, que eles irão para suas celas”, conclui.