Não é segredo para ninguém que o presidente Adson Batista tem muita confiança na comissão permanente que montou no Atlético e que por isso não tem pressa para contratar um novo treinador. Muito dessa “tranquilidade” é reflexo de Eduardo Souza, auxiliar permanente, que comandou o time na pré-temporada e também agora após a demissão de Cristóvão Borges.

Essa é a segunda passagem de Eduardo no Atlético, onde trabalhou em 2017 juntamente com o técnico Doriva. Agora o profissional assume um papel de ainda mais responsabilidade no rubro-negro o que fez com que ele abrisse mão de algumas coisas na vida pessoal na cidade de Votuporanga, onde nasceu e tem residência.

“Nesse caminho nosso no futebol a distância é muito grande, pena que ela não estará comigo. Já fazem quase dois meses que a gente não se vê, ela viria para o carnaval mas minha filha acabou pegando dengue e não conseguiu vir (…) hoje a gente tem facetime, tem celular, mas nós já estamos acostumados, minhas filhas infelizmente já sabem que é a profissão, estão acostumadas, mas daqui a pouco vem me visitar. A gente tenta matar a saudade, mas também sabe que essa distância é para o futuro delas que a gente pensa bastante. Então você tem os prós e os contras dessa distância”, explicou Eduardo que tem Caciane, sua esposa, Júlia e Maria Eduarda, suas filhas de 20 e oito anos, respectivamente.

Dos 39 anos de idade, 25 foram divididos com o futebol. Antes de virar auxiliar e ter experiências como treinador, ele era zagueiro e chegou a jogar futebol profissionalmente.

Eduardo Souza em entrevista à repórter Nathália Freitas (Foto: Sagres On)

“Tentei ser jogador, joguei um pouco na base, quase nada no profissional, mas já sabendo que iria viver nesse mundo. Minha mãe me disse que eu estava escolhendo a profissão errada quando eu fui fazer educação física e parei, para ela eu tinha que fazer jornalismo porque eu assistia tantos jogos que sabia tudo de futebol. Desde pequeno o futebol nos guiou e graças a Deus conseguimos trilhar esse caminho que sabemos que é muito difícil para quem vem de uma cidade pequena e não tem muitos contatos. Começamos lá debaixo, crescendo sempre com humildade”.

O fato de ter sido zagueiro é mais um dos pontos em comum que tem com o presidente Adson Batista, que também teve essa função na época de jogador. Foi o dirigente que o trouxe novamente para o CT do Dragão no meio do ano passado.

“Mas ele jogou profissionalmente mais tempo (risos). O Adson é um cara que me ajudou bastante nessa fase, me deu a oportunidade de vir para o Atlético trabalhar na comissão. Eu trabalhei com três treinadores durantes 15 anos e eu tinha isso de vir para um clube, ajudar no dia a dia, no desenvolvimento e poder contribuir. Quando você trabalha muito o treinador e seu auxiliar é muito rápido, você vive muito o resultado, não deixando um legado. Então eu queria ir para um clube e ficar um tempo maior, não só na parte que eu gosto de ver jogos, conhecer jogadores, ver adversários e o Adson me deu essa oportunidade e eu sou muito grato”, destacou.

Contrariando quem acredita ser complicado trabalhar com o exigente Adson Batista, Eduardo Souza destacou que esse perfil do dirigente máximo do Dragão foi o que fez criar tanta identidade com o clube e que a cobrança é necessária para o trabalho dar resultado.

“Eu sempre me dei bem com a exigência. Passei aqui no clube em 2017 e me identifiquei bastante, uma pessoa como ele que fala a verdade, fala na frente, não fala pelas costas. Eu me identifiquei bastante não só com o Adson, mas com o Atlético apesar do pouco tempo. Tanto que quando voltei e encontrei as pessoas aqui, parecia que eu tinha trabalhado muito tempo. Eu fico muito grato e é fácil conviver com essas pessoas. Se você for sincero e bom profissional, as pessoas exigentes te dão valor. Mas eu também não me empolgo com isso, sei que a todo dia nós vamos ser cobrados e o Adson deixa bem claro isso que nós somos profissionais, amigos para fora do clube, independente se hoje estamos bem e amanhã cometermos algum deslize nós seremos cobrados e entendemos muito essa situação”.

Apelido

Quando criança, Eduardo Souza era zagueiro e foi apelidado na “pelada” com os amigos de ‘Durita’ por chegar sempre firma nas jogadas. O apelido mudou e depois de muito tempo esquecido, foi relembrado por amigos no seu retorno como treinador do Votuporanguense em 2018.

“Foi quando criança e ninguém sabia, daí quando fui para o Votuporanguense voltou (risos). Meus amigos que colocaram e não sei porquê, não sei se é por conta daquele salgadinho que tem. Não era nem ‘Dorita’, era ‘Durita’, mas eles trocaram acho que por conta do salgado. É um apelido de infância, mas no meio do futebol ninguém conhece, você foi buscar longe”, brincou.

Inspiração

Dos 25 anos no futebol, 15 foram como auxiliar de treinadores. Zezito o primeiro, Roberto Fonseca o que trabalhou por mais tempo e Doriva o último, com eles muitas experiências adquiridas. No entanto foi Muricy Ramalho que o marcou no início da carreira.

“Você pega coisas boas de vários e eu gostava muito do Muricy (Ramalho) porque era um cara autêntico. Até quando estive com ele, ele me dizia que dar treino e ir para o campo era muito fácil, o grande segredo é você ter o comando e a gestão do grupo e o treinador precisa falar a verdade. Então foi um treinador que nessa parte me chamou muita atenção. Eu vi esses dias uma entrevista do Tiago Nunes e me chamou muita atenção e eu não o conheço pessoalmente”, revelou.

O que esperar do Atlético?

Líder do Campeonato Goiano, melhor ataque e melhor defesa da competição, o Atlético Goianiense também está classificado para a terceira fase da Copa do Brasil e vem ‘enchendo os olhos’ de seus torcedores. Para Eduardo Souza a equipe precisa de reforços para a sequência da temporada, mas a expectativa da comissão técnica é a melhor possível.

“Claro que a gente precisa de algumas peças ainda, o clube sabe, os próprios atletas sabem porque na sequência temos um campeonato muito difícil e equilibrado, mas acredito que se a gente conseguir qualificar com mais algumas peças a gente pode surpreender. Eu vejo esse grupo muito focado, futebol hoje é muito foco e muita competitividade. A qualidade claro que é importante, mas não é só isso. Acredito que com mais algumas peças a gente vai brigar para fazer um grande campeonato e também dar sequência na Copa do Brasil para alcançar mais fases”, analisou.

Ouça na íntegra a entrevista especial com Eduardo Souza:

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